logo-a-verdade.svg
Notícias
Leitura: 0 min

Dia Mundial do Cancro: "O diagnóstico é um dos momentos mais desafiadores"

Redação

Quando se enfrenta uma condição grave como o cancro, o foco muitas vezes recai exclusivamente nos aspetos físicos: os tratamentos médicos, exames, cirurgias e medicamentos. Contudo, o impacto emocional e psicológico da doença não pode ser subestimado. Cuidar da saúde mental é essencial, pois a mente e o corpo estão intrinsecamente conectados, e a forma como nos sentimos emocionalmente influencia diretamente a capacidade de enfrentar e superar os desafios físicos.

Estudos demonstram que o estado emocional pode influenciar o funcionamento do sistema imunológico, o nível de dor percebida e até a eficácia dos tratamentos médicos. O stress crónico, a ansiedade e a depressão fragilizam o organismo, dificultando o processo de recuperação. Por outro lado, emoções positivas, como esperança e confiança, têm o poder de estimular a produção de hormonas benéficas, promover resiliência e melhorar a resposta ao tratamento. Não se trata apenas de "pensar positivo", mas de adotar uma abordagem holística que integre a mente e o corpo no enfrentamento da doença.

O diagnóstico de cancro é um dos momentos mais desafiadores na vida de uma pessoa, afetando não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional, psicológico e social. Muitas vezes, o impacto desse diagnóstico pode levar ao isolamento social, à perda de autonomia ou à sensação de desamparo.

Durante todas as etapas do processo oncológico, o apoio psicológico desempenha um papel fundamental, proporcionando suporte para lidar com os impactos profundos da doença, que podem comprometer tanto a qualidade de vida como a capacidade do paciente de aderir ao tratamento. Este apoio pode incluir terapia individual, em grupo ou mesmo a participação em programas que promovam o bem-estar emocional através de atividades criativas, Mindfulness ou técnicas de relaxamento.

Para além disso, o impacto do cancro não se restringe ao paciente. Familiares e cuidadores também enfrentam desafios emocionais significativos, como medo, sobrecarga e luto antecipado, que podem afetar o ambiente familiar. O acompanhamento psicológico oferece um espaço seguro para expressar emoções, compreender melhor o processo da doença e suas implicações, desenvolver competências para oferecer suporte ao paciente sem negligenciar o próprio bem-estar e lidar com sentimentos de culpa, impotência ou medo da perda. Estas sessões também ajudam a promover a comunicação aberta entre familiares, fortalecendo os laços afetivos e reduzindo tensões.

Outro ponto crucial é a importância de intervenções psicológicas que ajudem os pacientes a resignificar a experiência do cancro. Enfrentar a doença pode ser uma oportunidade para revisitar prioridades de vida, fortalecer relações ou desenvolver uma maior compreensão sobre si mesmo. Terapeutas especializados podem auxiliar na exploração dessas questões, ajudando os pacientes a encontrar um propósito ou significado mesmo diante das adversidades.

O apoio psicológico no processo oncológico é uma ferramenta poderosa para enfrentar os desafios emocionais e psicológicos que acompanham a doença. Ele proporciona alívio, fortalece a resiliência e ajuda tanto o paciente quanto seus familiares a enfrentarem o percurso de forma mais equilibrada e esperançosa. Incorporar o suporte emocional no tratamento oncológico deve ser uma prioridade, pois cuidar da saúde mental é tão importante quanto tratar a doença física.

Em suma, cuidar da saúde mental é cuidar do ser humano na sua totalidade. Assim como é indispensável tratar o corpo para combater o cancro, é igualmente essencial tratar a mente, permitindo que o paciente enfrente a doença com dignidade, coragem e esperança. A integração do suporte psicológico nos tratamentos médicos é uma ferramenta valiosa para promover uma recuperação mais plena, onde a qualidade de vida do paciente se torna a prioridade central, havendo um fortalecimento emocional e na construção de um futuro com mais esperança.

Artigo de opinião de Ana Rita Vasconcelos, Psicóloga Clínica.