Em dia de São João de Alpendorada, 24 de junho, a freguesia de Alpendorada, Várzea e Torrão, em Marco de Canaveses, assinalou os 1000 anos do Mosteiro de São João Baptista, mais conhecido por "Convento de Alpendurada".
Embora não se saiba o dia nem o mês preciso, para o presidente da junta de freguesia, Domingos Neves, faz todo o sentido comemorar "no dia do seu padroeiro, S. João Baptista. Não havendo uma data certa, o dia de São João é sempre um dia de interesse significativo para a comunidade de Alpendorada".

A cerimónia, que contou com a presença do bispo Vitorino Soares, serviu para "preservar a memória de quem por cá passou há mil anos, porque foi aqui, neste local, onde se construiu a primeira ermida do São João, que se transformou mais tarde num mosteiro. Aliás, a história diz-nos que, quase em todos os locais onde hoje há conventos, iniciou-se por uma pequena ermida, uma pequena capela, e depois foi-se transformando", acrescentou o autarca local.
Através deste ato simbólico, Domingos Neves acredita que é uma forma de "trazer aos mais novos, destas gerações, a memória dos mil anos, que são muitos, para o edifício que aqui está, um edifício de ato religioso que hoje nos alegra muito".

Convicto, Domingos Neves reiterou que o Convento de Alpendorada tornou-se num local de interesse em Portugal "a nível da região e da fé. O Mosteiro de Alpendorada é uma marca. Podemos dizer que Alpendorada nasceu deste mosteiro, deste convento. Foi daqui que se começou a expandir, à volta, pelo povoado. Aqui estiveram os padres Beneditinos, há 200 ou 300 anos, e a freguesia cresceu do mosteiro para fora. Portanto tem um impacto muito importante", finalizou.
José Antunes, chanceler da Confraria do Granito, foi o grande impulsionador desta cerimónia que assinalou "os mil anos para memória futura".

Aqui passava ajustada vida no ano de 1024 (reinado D. Fernando, o Magno) um sacerdote chamado Velino, à sombra de uma ermida de Santa Sabina, matrona velha e mártir romana. Por três noites ouviu uma voz do céu que fosse servo de S. João Baptista, e lhe edificasse uma igreja, assinalando-lhe o lugar entre a Água de três Sequeiros, e das Lages; e como era temente a Deus, foi comunicar a um seu compadre e amigo, chamado Arguirio, que morava em Cabanellas, o qual lhe certificou a mesma revelação, e de que ali se tinham visto muitas luzes, indício, manifesto de estarem naquele lugar algumas relíquias, que presumo seriam de Martyres, mortos pelos mouros na ocasião referida. Ambos foram lá ter, e entre aquelas brenhas (morada então de ursos, lobos e outras feras) compraram por dinheiro o sítio, que alguns donos lhes queriam dar de graça, e fundaram no mesmo ano de 1024, um oratório em honra do Grande Baptista, que depois veio a ser o que hoje é mosteiro de S. João de Alpendurada ou Pendorada, derivando-se-lhe o nome de um grande alpendre da porta, ou do despenho que faz para o Douro.











