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Dia de Luto Nacional pelas Vítimas de Violência Doméstica: "quando há amor, esperamos sempre que mudem"

Redação

Em 2019, "Ana" viria a conhecer o homem que mais tarde a fez sentir-se "humilhada e diminuída".

Através das redes sociais, conheceu uma pessoa "carinhosa, sempre pronta a ajudar, atenta, meiga, e que fazia tudo para agradar". Indicadores que não faziam prever o homem "manipulador" que estaria por detrás destas características.

Começaram a sair e a conversar "diariamente. Fazíamos as coisas normais", recorda em entrevista ao Jornal A VERDADE.

Apesar de já ter sido vítima de violência doméstica no passado, "Ana" não imaginava que tal se pudesse repetir com esta relação. A agressividade foi-se manifestando "aos poucos" e em diferentes momentos. A primeira agressão surge mais tarde. "Começou a discutir comigo e ao tentar abrir a porta do carro dele, arrancou em alta velocidade e atirou-me para o meio da estrada".

Seguiu-me outra agressão aquando de uma tentativa de "Ana" sair do carro. "Ele agarrou-me nos braços, puxou-me pelo cabelo e amarrou-me. Eu só pedia para me deixar em qualquer sítio".

A agressividade tornou-se uma constante e "do nada. Durante a noite parou o carro e deixou-me sozinha. entretanto volta e diz anda. entrei porque queria ir embora. vim em pânico. Numa outra situação, parou o carro e encostou-me uma navalha ao pescoço e disse que me ia matar".

"Ana" confessa que foi deixando "arrastar a situação pelos pedidos de desculpa, por amor e pena", que levou a um fim da relação "nada pacífico. A violência não é só bater, psicologicamente, às vezes, é bem pior".

Na partilha do testemunho na primeira pessoa, recorda o sentimento "horrível" de ser agredida. "Eles tentam-nos diminuir e fazer com que nos sintamos culpadas. Nós ficamos a sentir-nos humilhadas, rebaixadas, culpadas, e pensamos no porquê de aquilo estar a acontecer, porque não merecemos".

Para esta vítima, a esperança foi o que a manteve ligada ao agressor, porque "quando há amor, estamos sempre à espera que mudem", afirma.

A todas as outras mulheres que passam por situações idênticas, "Ana" pede para que "não tenham medo de sair de relações. Nunca nos devemos diminuir, senão deixamos de gostar de nós. As pessoas mais próximas veem outra relação, não veem aquela que estamos a passar. Tentem sair, não é bom para ninguém.