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“Simples, lutadora, perfeccionista e muito divertida” assim se define Cátia Ferreira, uma mulher de 38 anos que não esquece as origens e que “nunca” pensa em desistir.

É na “República das Francesinhas, mais precisamente na cozinha, onde põe “a mão na massa”, que, normalmente, a encontra e onde faz o famoso molho de francesinha e as batatas “caseirinhas”.
Mas o que poucos sabem é que a mesma mulher teve um percurso com vários “entraves” para ser o que é hoje.

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Licenciada em Geografia e mestre em Sistemas de Informação Geográfica, a paredense recorda um passado de “muito esforço, empenho e dedicação”, que a levou a um presente “feliz”. As recordações mais longínquas, e ainda “bem presentes”, são de uma infância passada em Santa Comba, na freguesia de Sobreira (Paredes), juntos dos pais, do irmão mais velho e dos avós paternos.

Os sonhos da pequena Cátia passavam pela costura, porque via a mãe a “fazer pequenos arranjos em casa”. Mas um “incidente na máquina de costura” fê-la desistir e rumar a um outro sonho. “Com o passar do tempo, na escola, começou a crescer o bichinho pelo ensino. Ouvia as professoras e dizia que, um dia, também gostava de ser”, recorda.

Ouvia as professoras e dizia que, um dia, também gostava de ser

As dificuldades económicas dos pais, que “viviam de uma agricultura de subsistência”, não permitiam prosseguir os estudos, mas os professores “não deixaram” que a aluna abandonasse o sonho. “Eu tinha boas notas e uma professora procurou uma escola onde atribuíssem bolsas de estudo, não havia muitas, mas consegui na Escola Secundária de Valongo e foi assim que prossegui para o secundário”.

Os “poucos” recursos financeiros continuaram a ser um “obstáculo” ao longo do percurso escolar, mas Cátia Ferreira continuava “com o ensino como objetivo, queria mesmo ser professora”. Não desistiu e conseguiu entrar em Geografia, mas como a bolsa de estudo era “pequena” começou por dar “explicações individuais” na aldeia onde vivia. “Não queria cobrar, mas vi ali uma oportunidade e já me ajudava pelo menos a comprar o passe para ir até ao Porto”.

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Em 2007, concluiu a licenciatura e, por força de um professor universitário (Alberto Gomes), por quem nutre “muito carinho” e lhe deve “tudo” o que é hoje, seguiu para o mestrado. Como as propinas eram “muito caras”, começou a realizar projetos de investigação. Manteve-se na área durante dois anos, a trabalhar como investigadora no Núcleo de Geografia Física da FLUP (Faculdade de Letras da Universidade do Porto) e a “ideia era seguir para o doutoramento”.

Não “esperava” é que o doutoramento fosse em “francesinhas e derivados”, junto de Carlos. “Estávamos a namorar e, em 2012, ele decidiu abrir um restaurante tradicional. Estava aflito e eu comecei a ir ajudar, sem perceber nada. Fazia coisas básicas, mas como sempre fui muito autodidata ia à internet ver receitas e replicava”.

Gosto de marcar pela diferença

E assim foram os primeiros passos de Cátia Ferreira na cozinha do “Boa Viagem”. Ali permaneceu sete anos, e foi também naquele lugar que percebeu que “tinha de fazer algo” para ter mais tempo para a filha de um ano e meio. “Estava a ter contrações e a fazer panelões de molho de francesinha. No dia dos namorados, tivemos um dia tão difícil e chorei muito. Quando cheguei a casa, olhei para a minha filha e disse ‘tenho de pensar em algo porque não estou a ter tempo para ti’”.

Aí surgiu a “vontade” de arriscar num novo projeto, com um conceito “diferente”, focando “única e exclusivamente nas francesinhas já muito procuradas”. A 23 de julho de 2019 nasce a “República das Francesinhas”, um espaço decorado com “pormenores nacionais”, a ementa apresentada “num quadro em Lousa” e a francesinha servida em pratos de barro preto. “Não queria uma louça igual às outras, gosto de marcar pela diferença”.

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O “crescimento” do negócio e a procura por “melhores condições” fizeram com que, em 2022, o projeto mudasse de casa e hoje são “uma família” num projeto que “é um orgulho e resultado de muito esforço”.

Foi das mãos da paredense que nasceram as iguarias e é das suas mãos que continuam a sair. Cátia Ferreira não desiste de “lutar” por aquilo que quer, é “autodidata” e gosta de “arriscar”, mas não esquece que ao seu lado tem um homem “cheio de valores, muito trabalhador e que se entrega de corpo e alma a tudo o que faz”.

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Depois de vários anos de “muito trabalho” a empresária reconhece que “a saúde está em primeiro lugar e o dinheiro não é tudo na vida e não paga o pouco tempo passado em família”. Por isso, a todas as outras mulheres deixa uma mensagem de esperança e motivação: “valorizem e acreditem nas vossas capacidades. Mas não se esqueçam que o sucesso não ‘cai do céu’. Determinação e capacidade de superação às adversidades, que vão surgindo ao longo da vossa caminhada, são alguns dos ‘pozinhos mágicos’ para serem mulheres bem sucedidas na sociedade”.

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