Embora tenha nascido em Oliveira de Azeméis, a vida profissional do pai levou Maria José até terras marcoenses ainda em criança, onde esteve até aos 17 anos, altura em que emigrou para Genebra, na Suíça. Depois de 40 anos, a ‘marcoense’ regressou e, embora não tenha passado grande parte dos Natais em Portugal, foi à procura de cultivar o espírito natalício em si e entre os vizinhos, incentivando-os a iluminar as casas e a partilhar os doces típicos de Natal.
Maria José não foi uma emigrante típica, conheceu o marido, também ele português (natural de Penafiel), aos 18 anos e apaixonou-se pelo país que a acolheu, sentindo poucas saudades de Portugal. Os Natais, muito motivados pelos seus trabalhos, eram passados na Suíça, país que se tornou a sua “verdadeira casa” e onde encontrou “conforto emocional e financeiro”. Além do companheiro que trouxe “alegria” para a sua vida, Maria José, depois de um primeiro ano “difícil”, encontrou um trabalho onde se sentia em casa. “Depois de ter o meu filho, comecei a trabalhar numa pastelaria, onde fiquei até vir embora”, partilha, acrescentando que: “gostava de estar sempre em movimento e em contacto com as pessoas. O meu trabalho era a minha casa e um lugar de estabilidade, porque aquilo era como se fosse meu, os meus patrões eram como pais e ajudaram-me imenso e deram-me a vida que tanto necessitava”. Razões que fizeram com que a escolha de emigrar “fizesse cada vez mais sentido”.

Maria José apaixonou-se completamente pela Suíça, pela vida com o marido e pelas oportunidades que o país helvético lhe deu e que, “infelizmente”, não tinha em Portugal. A vontade de regressar era praticamente inexistente, embora nunca tenha esquecido as suas origens. “Sou portuguesa, mas foi na Suíça que Deus me deu aquilo que tenho”. Por sua vez, o marido era, nas suas palavras, o “típico homem português” que sentia saudades “de casa, do futebol e de falar com os amigos”.
Fruto da vontade do companheiro, Maria José acabou por regressar para Sobretâmega, freguesia em que, em tempos de outrora, tinham construído casa. “O sonho do meu homem era voltar para Portugal, aliás ele não gostava de Genebra, ao contrário de mim, fomo-nos aguentando lá mais por desejo meu”, confessa. Durante algum tempo ainda aproveitaram a reforma, com passeios de “manhã até à noite”, mas, há dois anos e de forma “inesperada”, o marido de Maria José acabou por falecer.

Desde então que se tem mantido por Sobretâmega, onde, pela primeira vez, decidiu decorar a casa com luzes de Natal para “recuperar o espírito natalício. Puxei pelos meus vizinhos que acabaram também por decorar a casa e vamos partilhar alguns doces típicos de Natal. Fiz a minha decoração com muito gosto, tem me dado mais força e a rua fica mais alegre”, acrescenta. Embora ainda não tenha nada planeado, Maria José sabe que irá passar o Natal com a família e o filho, do qual recebeu uma “surpresa. Não estava a contar ele vir para Portugal nesta altura”, realçou.
Por enquanto, não pensa regressar à Suíça, embora seja o seu país de eleição. “Cada canto na Suíça faz com que me lembre dele, por isso sinto-me melhor em Portugal onde não tenho tantas recordações”, partilha.







