No dia em que se assinala o Dia Mundial da Tuberculose a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório que indica que a doença “causou cerca de 21 mil mortes na região europeia, em 2020, o primeiro aumento de óbitos registado em mais de duas décadas”, avança o relatório do centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) e da OMS.
A tuberculose é, de acordo com o Serviço Nacional de Saúde Português (SNS) uma doença infecciosa, que se transmite entre pessoas, maioritariamente pela inalação de gotículas expelidas pela pessoa doente quando, tosse, fala ou espirra. Ao inalar o ar infectado, este instala-se nos pulmões.
“É uma doença grave, mas potencialmente curável” para muitos doentes como Sónia Mendes, natural de Lousada. Foi após uma constipação que descobriu que tinha tuberculose. “Tive vários sintomas, sem conseguir respirar e a tossir, febre alta de 40 graus”, partilha com o Jornal A VERDADE.
Foram “duas semanas” com os mesmos sintomas que terminaram com “um desmaio” e a ida para o hospital. Após vários exames, os médicos decidiram que ficava internada. “Os médicos iam tirando um líquido dos pulmões com uma seringa através das costelas. Foi muito mau”. Depois de quase “duas semanas” internada, seguiram-se dois meses “angustiantes” fechada num quarto.
A doença não era desconhecida para Sónia Mendes que conhecia “uma vizinha que também já tinha tido tuberculose”. O preconceito “não existia”, mas deu lugar ao medo da doença. Sónia Mendes confessa que ouvia falar do distanciamento das pessoas que viveu na primeira pessoa quando descobriu que tinha tuberculose. “Senti da própria família que não me visitava nem acompanhava. Os amigos da escola estiveram presentes”.
Em casa, Sónia recorda que foram imediatas as mudanças nas rotinas diárias. “O meu pai esteve de baixa durante nove meses para me acompanhar em tratamentos e consultas”. No regresso à escola, e durante quatro meses, enquanto estava nas aulas o progenitor “esperava no carro para a meio da manhã” a levar aos tratamentos no Centro de Saúde de Lousada.
Passados 20 anos, Sónia Mendes revela que apesar de não precisar de cuidados “redobrados”, ficou com uma mancha no pulmão, consequência da tuberculose. O medo de ter uma recaída está sempre presente no pensamento. “Quando ouço falar arrepio-me porque todo o processo foi muito doloroso”, relembra.
Foram meses de injeções “diárias”, nove meses de comprimidos, consultas, desmaios e quando se levantava pela manhã, sentia um “cansaço extremo” nas rotinas diárias.
Para todos aqueles que vivem uma história semelhante, Sónia Mendes, que hoje vive uma “vida normal com caminhadas, corrida e esforços”, pede para que “não sintam medo”.