Desde muito novo que Alberto Barros, mais conhecido como Berto Boss, participa na procissão do Corpo de Deus de Penafiel. Se antes participava porque iam pedir à escola figurantes, hoje em dia, considera-se um dos grandes impulsionadores desta tradição tão característica de Penafiel.
Já foi Pôncio Pilates, pajem, doutor da lei, romano, entre muitas outras personagens que já nem tem conta, mas é há cerca de uma década que interpreta, em conjunto com um grupo de amigos, a Última Ceia.
Numa das vezes em que foi ver a procissão, por volta do ano de 2010, reparou que, apesar dos vários participantes para representar os bailes, “tinha poucos figurantes” para retratar a vida de Cristo desde que nasceu e isso deixou-o “triste”. Num dia de convívio com os amigos, lembrou-se que poderiam “caracterizar e encenar um quadro da procissão”. “Encenámos a Última Ceia porque, na altura, com o cabelo comprido e umas barbas boas seria facilmente Cristo e os meus colegas era fácil deixarem crescer umas barbas”, lembrou, sublinhando que foi um “tremendo sucesso”.
No ano seguinte, desafiaram outras pessoas e “aquilo começou a tornar-se uma coisa viral e, durante os anos, as coisas foram crescendo”. Foram desafiados também grupos de teatro e associações, que começaram a ter os próprios quadros e, atualmente, há oito quadros com “muitos figurantes”. Hoje, organiza uma boa parte desses figurantes nos variados quadros que compõem a procissão, sendo que duas irmãs, a esposa, bem como sobrinhos e cunhadas já estão também envolvidos neste espírito.
Para a procissão que vai decorrer esta quinta-feira, pelas 17h30, os quadros já estão “todos fechados”, com centenas de pessoas, e as expectativas estão “muito altas”, uma vez que esta é uma procissão “com muita força”. “As pessoas que venham ver, é bonito de ver tanta gente adulta a participar e os miúdos já não têm vergonha de o fazer”, explica, referindo que agora as crianças já se sentem à vontade para integrar também o evento.
“O sucesso somos todos juntos. A divulgação é importante e é importante também que não se percam as raízes do que somos”, continuou, comentando que aproveita o facto de ser conhecido para ajudar a “fomentar as raízes e tradições” do concelho.
A “majestosa procissão do Corpo de Deus de Penafiel”, além de simbolizar o sagrado, o religioso, representa também o profano, com a Bicha Serpe, os Bailes, o Estado de São Jorge, o Boi Bento, o Carro Triunfal e a Figura da Cidade. O cortejo percorre toda a cidade, desde a Igreja Matriz até à Igreja de Nossa Senhora da Piedade e dos Santos Passos (Sameiro). Na parte religiosa da procissão apresentam-se a cruz paroquial, seguida das crianças em procissão de fé, das cruzes paroquiais das freguesias e as das confrarias, prosseguindo com um conjunto de quadros bíblicos, a representação das ordens, os acólitos e o pálio que protege o elemento mais sagrado, a Custódia com o Santíssimo Sacramento, e as autoridades.