A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa venceu a edição de 2022 do Prémio APAV. A cerimónia de entrega do prémio decorreu na manhã desta terça-feira, dia 25 de outubro, na sede da APAV, em Lisboa.
Esta comissão, anunciada em novembro de 2021, organiza-se de "forma autónoma e independente da Igreja Católica e de quaisquer outros credos, religiões, raças, etnias, géneros e identidades", informa um comunicado da APAV. Adicionalmente, apresenta-se e afirma-se "isenta, independente e não influenciável, mantendo como propósito primeiro da sua ação o de dar voz ao silêncio de todas as vítimas deste tipo de crime".

"A atuação da Comissão Independente, pelo apoio na desocultação de situações de violência, sua caracterização e estudo, e futura intenção de melhor auxiliar a atuação da Igreja Católica face a situações de violência sexual mereceu, portanto, a atenção da APAV e a intenção de lhe ser atribuído o Prémio APAV 2022", pode ler-se.
O Prémio APAV foi criado em 2020 a propósito do 30.º aniversário da associação, que se destina "a distinguir a/s pessoas/s singular/es ou coletiva/s que se destaquem na defesa e na promoção dos fins, missão e visão da APAV".

O troféu deste ano foi desenvolvido por Gonçalo Falcão e Tiago Águas, partindo da "ideia de transformar um processo negativo num positivo", usando lixo plástico derretido e remoldado para a construção do troféu. O designer Gonçalo Falcão explica que usou "plástico branco e vermelho que, neste processo, se misturaram de formas imprevisíveis", com a forma estável de um pilar.

Em 2020, o prémio foi atribuído a título póstumo, a Bruno Brito (1976-2020), distinguindo-o pelo "carácter pioneiro, a nível nacional e internacional, em novas e desafiantes áreas de conhecimento, enriquecendo a intervenção junto das vítimas de crime, seus familiares e amigos/as". Em 2021, o Prémio APAV não foi atribuído, ratificando-se a deliberação de não atribuição para esse ano.