No dia 29 de julho o concelho de Felgueiras vai ser palco da 1.ª Marcha Pelos Direitos LGBTQIA+, organizada pelo Coletivo Felgueiras Fora do Armário

O Coletivo Felgueiras Fora do Armário é um grupo de ativistas que promove “a defesa dos direitos LGBTQIA+ de Felgueiras. Propomo-nos a lutar por uma cidade mais justa, inclusiva e livre de preconceitos”, explicam em declarações enviadas ao Jornal A VERDADE.

Criado a 16 Julho de 2022 por quatro jovens: Renata Oliveira (32 anos), Ana Pinto (30 anos) Diogo (29 anos) e José (22 anos), o grupo surgiu para “mostrar que o movimento LGBTQIA+ não acontece só nas grandes cidades, que Felgueiras também tem uma comunidade de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, intersexo”.

Para estes quatros jovens “a necessidade de quebrar este padrão de silêncio e repressão, levará as pessoas que aqui habitam a abandonarem esta terra, não apenas em busca de melhores oportunidades, mas também em busca da aceitação que aqui não encontram”.

Os primeiros passos do Coletivo Felgueiras Fora do Armário foram dados em agosto de 2022, com a criação da Comissão Organizadora para a Marcha de 2023. E, em setembro, juntamente com a psicóloga Ana Pinto, começaram a disponibilizar apoio psicológico gratuito com consultas online (ou presenciais caso seja necessário) a pessoas LGBTQIA+ de Felgueiras e famílias. “Disponibilizar apoio psicológico gratuito e especializado para essas questões pode mudar e salvar muitas vidas de jovens no nosso concelho”, garantem.

Em outubro, conseguiram um espaço para a realização de debates, convívios e rodas de conversa com o propósito de “unir as pessoas LGBTQIA+ e as suas famílias num espaço seguro e descontraído. Apesar deste espaço seguro ter sido criado, o medo da exposição ainda prevalece. É sempre mais difícil lutar pelos nossos direitos em meios mais pequenos, e a comunidade juvenil LGBTQIA+ de Felgueiras ainda tem medo de sair à rua, ainda se mantém reclusa, ainda não se atreve a ocupar o espaço que é seu por direito, nas ruas deste município que também é deles”.

Atualmente, as atividades são realizadas na Junta de Freguesia de Jugueiros, uma vez por mês e a adesão “tem superado todas as nossas expectativas mas é necessário chegarmos a mais pessoas”.

O ano de 2022 foi para o Coletivo Felgueiras Fora do Armário “um ano de conquistas importantes e elas são a nossa força para continuarmos este ano. Para 2023 além da realização da 1.ª Marcha pelos Direitos LGBTQIA+, a 29 de Julho, vamos organizar mais atividades ao ar livre, como piqueniques queer”.

Para 2023, o foco estará na representatividade nos estabelecimentos de ensino de Felgueiras. “Não faz sentido estarmos a formar pessoas para a vida e não incluirmos as questões LGBTQIA+ nos currículos. A verdadeira mudança nasce na educação e as escolas deste concelho não estão a fazer o seu trabalho em educar as nossas crianças e jovens na aceitação e tolerância. Estão sim a perpetuar comportamentos discriminatórios entre os pares, e a gerar um ambiente de insegurança e perigo para a juventude LGBTQIA+”.

O grupo acredita que “é na escola que desenvolvemos carácter e formamos opiniões, é crucial que a educação para as questões LGBTQIA+ seja contemplada desde cedo, numa fase do nosso crescimento em que estamos receptivos e existimos sem julgamentos”.

A ‘educação’ estende-se aos “docentes, auxiliares e outros profissionais da área da educação e ação social, para que estas estejam capacitadas a educar para a igualdade. Para que estejam preparadas para gerir situações de discriminação, ainda tão gravemente frequentes em ambiente escolar”, sublinham.

O coletivo tem várias atividades planeadas e o objetivo é “poder trabalhar em conjunto com as escolas do município, para que este assuntos sejam abordados em ambiente escolar”.