claudia barbosa lupus
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De um momento para o outro, surgem, muitas vezes, sintomas de que algo possa não estar muito bem com a saúde e isso pode fazer mudar a vida de ‘pernas para o ar’. Os sintomas podem levar a várias suposições e foi mesmo este o caso de Cláudia Barbosa, de Marco de Canaveses. Há cerca de 14 anos, descobriu que tinha lúpus, uma doença desconhecida de muitos e cujo diagnóstico não foi fácil de obter.

Os primeiros sintomas surgiram com várias infeções urinárias, que não desapareciam com a medicação, dor nas mãos, que “inchavam bastante”, e “bastante cansaço”. Um dia, teve até de sair mais cedo do trabalho, pois sentia-se “bastante cansada”. Marcou uma consulta, análises gerais e foi descoberto que os valores estavam “muito alterados” e teria de ser internada.

“Foi muito complicado porque todos os sintomas que tinha aparentavam que fosse leucemia”, disse ao Jornal A VERDADE, explicando que “os glóbulos vermelhos do sangue desapareciam e tinha os brancos em maior quantidade” e as plaquetas “muito baixas”. Realizou o teste para despistar leucemia e, mais tarde, uma biópsia, sendo que, após cerca de dois meses de tentativas para descobrir o que estava errado, foi diagnosticado lúpus – “um dos mais complicados”.

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Esta doença caracteriza-se por ser autoimune, em que o sistema imunitário em vez de proteger o organismo, ataca-o, provocando inflamação e alteração da função do sistema afetado. Até ao momento, não existe uma causa conhecida para o lúpus, nem cura, sendo uma doença crónica, mas com fases inativas e reativas.

Esta patologia pode afetar diversos órgãos e, no caso de Cláudia Barbosa, o foco foi nos pulmões, coração e rins. Chegou a fazer quimioterapia, que “não deu resultado”, mas não precisou de fazer um transplante de rins, apenas tomou um medicamento para transplantes e os rins “começaram a funcionar” e daí desencadeou “todo o processo de estabilizar a doença”.

Durante um ano, era internada de 15 em 15 dias para fazer os tratamentos e, por vezes, de oito em oito, porque “surgia alguma situação diferente”. “Durante esse ano, cheguei a tomar 22 comprimidos diários”, exclama, recordando que fez quimioterapia e tomou cortisona.

“É um processo um bocado complicado”, conta, ainda para mais porque as duas filhas ainda eram menores, na altura, e “não foi fácil”. A mais velha tinha 11 anos e a mais nova tinha quatro e era “muito chegada à mãe e foi um corte radical”. Contudo, conseguiram ultrapassar essa fase menos boa e de revolta nas suas vidas, contando sempre com o apoio da família.

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Hoje em dia, cerca de 14 anos depois do diagnóstico, o lúpus está “mais ou menos estabilizado”, apenas tem de fazer o controlo, “mais espaçado”, e a medicação “começou a diminuir” para menos de metade, o que foi “um grande alívio”. “Hoje, às vezes, esqueço-me que tenho lúpus”, sublinha.

Os cuidados agora passam também pelos problemas a nível ósseo que passou a ter e não pode estar exposta ao sol. Conta também que, após a operação à tiroide que realizou, “apareceram umas manchas em forma de asas de borboleta na cara, devido à anestesia e à medicação”.

Entretanto, Cláudia Barbosa também mudou de emprego, pois explica que a doença mexe muito com “a questão nervosa e o ser pressionada”. Hoje, aos 55 anos, trabalha na Cercimarco e acredita que essa mudança “ajudou bastante a estabilizar a doença”.

A marcoense “já tinha ouvido falar” de lúpus, mas “muito por alto” e, por isso, defende que se devia “falar mais” sobre esta doença. Para ajudar a isso, o seu marido criou um blog onde Cláudia Barbosa escreve sobre o tema, fazendo “um acompanhamento da doença” e onde recebe várias mensagens de pessoas que também têm esta patologia e, por vezes, não querem expor a outros.

“Temos a doença, temos que aprender a viver com ela e falar sem medos”, sublinha. “Uma pessoa tem que aprender a viver com a doença dia a dia. Deixei de fazer planos e aproveito a vida ao máximo”, conclui.