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Chefe Fernando cria Doce Tremoceiro de Paredes graças a "alunos motivados"

Redação

O Chefe Fernando Pereira contou ao Jornal A VERDADE como surgiu e o que é o Doce Tremoceiro de Paredes.

Foi no final da tarde de dia 20 de junho, que foi dado o primeiro passo para a comercialização do Doce Tremoceiro de Paredes. Na Casa da Cultura de Paredes, foi assinado o protocolo com as primeiras pastelarias que aderiram à venda do doce: a Padaria Flora, a Pão de Ló ao Forno e a Tradicional Cakes.

Mas afinal, o que é o Doce Tremoceiro? Como surgiu este doce e porquê o tremoço?

O Jornal A VERDADE esteve à conversa com o Chefe Fernando Pereira, professor dos cinco alunos do Curso Técnico de Cozinha e Pastelaria (TCP) da Escola Básica e Secundária de Paredes responsáveis pelo desenvolvimento do projeto de criação da receita, inspirada no tremoço e na doçaria conventual, que surgiu de um largo processo de experiências "muito engraçado para eles".

Fernando Pereira afirma ter "gostado muito" do projeto que só se realizou "porque tenho alunos com interesse, alunos motivados. Motivados porque gostam e está relacionado com isso, muito! 90% tem a ver com os alunos terem interesse. E foi muito giro!".

Tudo começou com "um sabor horroroso, mesmo!"

O doce foi apresentado pela primeira vez ao público no início do ano, naquela que é considerada a maior feira de turismo do país, a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL). Mas, para o professor e alunos do TCP, a apresentação foi apenas o início do fim. A conclusão de um processo que dura há cerca de dois anos.

De acordo com o chefe, tudo começou quando Beatriz Meireles, vereadora com o pelouro da Cultura, Turismo e Ação Social da Câmara Municipal de Paredes, e Fernanda Pereira, técnica de Turismo da autarquia, desafiaram os jovens chefes a produzir "algo que fosse a imagem do concelho de Paredes".

Foi uma aluna que recordou "os tremoceiros", nome dado aos habitantes da cidade de Paredes que ficaram assim conhecidos pela existência, no passado, de muitas senhoras na vila que ganhavam o seu sustento vendendo tremoço em festas, romarias, feiras, então chamadas de "tremoceiras".

Por isso, decidiram comprar o tremoço seco, "o tremoço é uma leguminosa seca, como o feijão frade". A primeira coisa que fizeram foi transformá-lo em farinha, o que resultou numa "coisa horrorosa", com "um sabor horroroso, mesmo!", exclamou o docente, num tom de divertimento.

Estudaram o antigo processo de produção do tremoço, em que se demolhavam as sementes nos rios e riachos em sacos de rede, e tentaram reproduzi-lo na cozinha, mas nunca chegaram ao "ponto certo de sabor".

Foi então que optaram pelo tremoço como todos o conhecemos e consumimos. Criaram bolachas, bolos e doces, porque "tanto a cozinha como a pastelaria são experiências", diz Fernando. Até que chegaram "ao ponto certo": o Doce Tremoceiro.

O Doce Tremoceiro

A base do Doce Tremoceiro é tradicional - leva um ponto de açúcar e gemas de ovo (neste caso, ovo pasteurizado, por questões de segurança alimentar) - à qual se acrescenta a farinha de amêndoa, o pau de canela e, claro, o tremoço. A farinha de amêndoa não tem glúten, o que torna este doce acessível a celíacos.

"Não é muito doce e é muito engraçado comer, por causa da casca do tremoço. Sente-se o sal, sente-se o crocante também da casca", descreve o chefe, "vai ter sucesso, porque é uma coisa muito boa".

Os últimos meses foram dedicados à redução do tempo de confecção, para que pudesse ser produzido em pastelarias. Para Fernando, "o processo está tão bem feito" que "descascar o tremoço é a coisa que demora mais tempo a fazer".

O Chefe Fernando Pereira e os alunos do Agrupamento de Escolas de Paredes já produziram cerca de três mil Doces Tremoceiros.

É com "satisfação" que os alunos vêm o Doce Tremoceiro ser patenteado e entrar no receituário dos novos doces e sabores da gastronomia tradicional portuguesa. "Os alunos ficaram super radiantes e muito contentes", conta o docente. No entanto, o doce deixa também para trás um sabor amargo, para estes alunos do 12.º ano. "Agora vão-se desligar. Agora, terminam a escola e vão para o mundo".

O Chefe Fernando Pereira não revela preocupação com o futuro dos seus alunos, porque "é um curso com empregabilidade de 100%". Um deles já está a trabalhar, "com contrato", no Crowne Plaza Porto, revelou o professor, e há antigos alunos que trabalham em "casas de sucesso", como o "The Yeateman Hotel", a "Casa de Chá da Boa Nova" e o "DOP", de Rui Paula.

https://averdade.com/doce-tremoceiro-de-paredes-disponivel-no-comercio-local-a-partir-de-julho