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Fernando Pereira está casado há 53 anos e, para além de marido, companheiro e amigo, aos 74 anos é também cuidador da esposa, Margarida Ramos. 

Quando se conheceram, Margarida Ramos “não tinha qualquer sintoma de que viria a desenvolver a doença de Parkinson”, explica o marido, acrescentando que “foi muito depois, já com uma idade avançada”. 

Na casa dos 73 anos, Margarida Ramos convive com a doença há 25. Antes disso, o casal admite que era “algo desconhecido para nós, não fazíamos ideia do que ia acontecer com o passar dos anos. Na altura quase não se falava desta doença”. A verdade é que o tempo foi passando e, como é característico do Parkinson, a doença foi “progredindo”. 

Em 2008, Margarida Ramos realizou a primeira cirurgiã de estimulação profunda, onde houve uma rejeição entre o neuro estimulador e os eletrodos, levando a um ano intenso de medicação e internamento. Posteriormente, realizou novas cirurgiãs que a levaram a ficar neutralizada perante a rejeição. O tempo foi passando e refere que “nos últimos cinco/seis anos tem piorado porque é uma doença progressiva e incapacitante”. 

A nível físico, Margarida Ramos apresenta “dificuldades em caminhar. Só anda agarrada a mim, porque facilmente cai, já que tem dificuldades em se equilibrar”. Apesar de manterem o dia a dia e gostarem de passear, Fernando Pereira reconhece que a rotina é “limitada. Vai para qualquer lado comigo, mas vai sempre amparada. Nas distâncias que são grandes utilizo sempre a cadeira de rodas”. 

Já ao nível psicoemocional, surgiram sintomas “depressivos e desenvolveu-se a apatia”, características estas que são comuns aos doentes de Parkinson, explica o marido, referindo que para contrariar estes sintomas, Margarida Ramos realiza todas as semanas ginástica e terapia da fala. 

Para além de cuidador, Fernando Pereira é ainda o responsável pela delegação distrital do Porto da Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson. Na altura, trabalhava como técnico de audiovisuais, contudo a empresa encerrou e levou-o a ficar desempregado. Olhando para trás considera que aquele desfecho “acabou por me dar jeito porque consegui cuidar cada vez mais da Margarida”. Passado a reforma, a esposa começou a frequentar a Associação de Parkinson, da qual Fernando Ribeiro viria a tornar-se responsável no ano de 2015. 

Ao fim de 25 anos de diagnóstico, as causas da doença são “desconhecidas”, reforçando que “nada indicava que ela viria a desenvolver esta doença, porque era bastante saudável e ativa”

“Casados há tantos anos”, Fernando Ribeiro afirma que “não podia ser de outra forma. Estamos sempre unidos, somos o principal apoio um do outro”.