Tem apenas 18 anos, mas já uma grande convicção de que Cinfães “é um concelho que valoriza as tradições”, assim como ela que faz parte do Grupo Folclórico Cantas e Cramóis de Pias “desde sempre”.
Foi através do “avós, pais, tios e alguns primos”, que “faziam parte do grupo”, que Carolina Fraga o conheceu.
Já com alguns anos de rancho, a cinfanense reconhece que é “importante, sem dúvida, os jovens integrarem estas tradições e dar-lhes continuidade. É muito importante que jovens, como eu, conheçam a nossa cultura, o nosso passado e que o compreendam também. Além disso, se os mais novos não derem continuidade a estas tradições, daqui a algum tempo estes grupos podem começar a desaparecer, deixando que o nosso passado se ‘perca no tempo'”, afirma convicta.
O Grupo Folclórico Cantas e Cramóis de Pias é composto por pessoas “de diversas idades”, mas “grande parte” são jovens da mesma faixa etária de Carolina Fraga.
Os jovens têm uma percepção errada daquilo que é o grupo folclórico
Pelos que estão do ‘lado de fora’, a jovem de 18 anos confessa já ter sentido “algum preconceito” por integrar um grupo de rancho. “Infelizmente já senti isso e, na minha opinião, os jovens têm uma percepção errada daquilo que é o grupo folclórico, não entendendo a importância de continuar as nossas tradições“.
Na visão da cinfanense, os jovens “associam os ranchos a pessoas mais velhas, a algo antigo e ultrapassado. É triste que muitos jovens não deem uma oportunidade ao rancho, pois é um espaço onde podemos aprender sobre o nosso passado, descobrirmo-nos a nós próprios, além de conhecermos pessoas com outras experiências de vida“, frisa.
Ainda há um longo trabalho pela frente
Carolina Fraga mantém-se alheia aos preconceitos e estereótipos e pretende seguir os passos dos familiares na preservação das tradições, nomeadamente cinfaneneses, como o Folk Cinfães. Um evento “de uma importância extraordinária. Se, por um lado, permite que o nosso concelho esteja nas ‘bocas do mundo’, por outro permite que a população cinfanense conheça os cantos do mundo sem nunca saírem do lugar”.
A jovem acredita que o Folk Cinfães “leva a cultura de todos os continentes a um público bastante alargado e diferenciado em idades, permitindo a pessoas, geralmente de uma faixa etária mais velha, que conheçam as tradições de outros países, que de outra forma não seria possível”.
A cinfanense de 18 anos não tem dúvidas de que Cinfães “valoriza as tradições”, através do apoio aos grupos folclóricos, promoção de eventos etnográficos. No entanto, sente que “ainda há um longo trabalho pela frente. Por vezes, tenho a sensação que as pessoas não aderem a certos eventos folclóricos como seria de esperar”, lamenta.
Carolina Fraga termina apontando “uma das lacunas, e um sonho do grupo, a falta de uma sede” que lhes permita criar uma escola de folclore, como existe em muitas países.