Bailarina dedicada e aluna de excelência, Carolina Antunes é uma dos 3 alunos do Agrupamento de Escolas Joaquim de Araújo, em Penafiel, a terminar o ensino secundário com média de 19,83. Aos 17 anos, está a dar os primeiros passos como caloira da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e continua a dançar balé.
“Sempre gostei muito de Matemática e nunca me dei muito bem com Línguas nem História”, começa por explicar Carolina, justificando, assim, a opção pelo curso de Ciências e Tecnologias. A escolha de Medicina como objetivo também já estava traçada. “Já tinha como base ir para Medicina, portanto não me dava muito jeito ir para mais nenhum curso.”
Não foi apenas no secundário que Carolina se empenhou. O rigor e a exigência sempre fizeram parte da sua forma de estar. “Sempre fui muito dedicada à escola… às vezes até demais”, admite. Com naturalidade e até algum humor, assume: “Sim, sou um bocadinho marrona.”
Para quem ambiciona alcançar resultados de excelência, a receita de Carolina é clara:
“Tentar não stressar muito e dedicar o máximo possível de tempo, mas sem esquecer a parte da saúde mental. Ter sempre os amigos, a família e um hobby também é muito importante.”
A sua atividade extracurricular de eleição é o balé, que pratica na Academia Contradanças, em Lousada. Digamos que é uma forma de desopilar o fígado e eliminar o stress dos testes e provas. Mesmo agora, já na universidade, pretende manter a dança na sua vida.
A rotina de estudo passava por uma grande atenção em sala. “Sempre tentei estar muito atenta nas aulas e fazer o máximo possível de exercícios, mesmo nas aulas, para tirar dúvidas. Isso ajudava a absorver a matéria e em casa era só consolidar.”
Ainda assim, o fim de semana era o momento de maior dedicação aos livros.
Carolina gosta de horários cheios. “Quando tinha o meu horário muito preenchido, sabia que naquelas horas tinha de fazer aquilo e estava completamente dedicada. Nem tinha tempo para procrastinar.”
Sobre os primeiros dias na faculdade, confessa: “Está a ser um bocadinho cansativo, porque acordo muito cedo e venho para casa muito tarde. Mas acho que são só as primeiras semanas, por causa da praxe, que é mais intensiva.” Apesar disso, garante que está a gostar: “Está a ser uma experiência muito boa. Conheço muita gente, toda a gente é simpática. É muito divertido no geral.”
Sobre a decisão de participar na praxe, a resposta é madura: “É sempre importante experimentar antes de termos uma opinião formada. Experimentei, gostei. Tem atividades muito giras e conhecemos mesmo muita gente.”
As expectativas para os próximos anos são otimistas:
“Vai ser um percurso muito longo, mas muito feliz e divertido, com pessoas maravilhosas. Vou aprender e estudar aquilo que sempre quis. Estou esperançosa: acho que vou ser feliz no curso.”
A especialidade ainda não está escolhida, mas a preferência está clara: “Qualquer área que tenha contacto com as pessoas. Nada com investigação, penso eu.”
O que mais a atrai? “Estudar as pessoas, as suas doenças e ter oportunidade de cuidar delas e poder vir a curá-las.”
Carolina não seguiu ninguém da família: “Foi essencialmente por mim.”
“Sempre me senti muito pressionada. Curiosamente, por mim mesma. Às vezes, tinha medo de falhar, não por desiludir os outros, mas por medo de me desiludir”, confessou, dizendo que o motivo se deveu às expetativas elevadas do futuro.
Apesar disso, contou, "os meus pais sempre me ajudaram e apoiaram imenso em todas as etapas", "mesmo sabendo que, se falhar, eles vão estar sempre cá para mim".
"Sempre quiseram unicamente a minha felicidade, independentemente da escolha de carreira que fizesse. Por isso, sempre quis que eles se orgulhassem de mim e tinha medo de os desiludir, precisamente por esse apoio incondicional que sinto", acrescentou, deixando, ainda, palavras de agradecimento ao resto da família.
Questionada sobre o que fará se algo não correr bem, a resposta mostra, novamente, maturidade:
“Acho que faz parte do processo. A faculdade é muito diferente do secundário e , por vezes vezes, é normal as coisas correrem mal. Não é o fim do mundo, dá tudo para resolver.”
Com um curso exigente e uma rotina nova, conciliar tudo ainda está em fase de descoberta:
“Pois, ainda estou a tentar descobrir isso também. Estamos assim, devagarinho.”
Para quem agora entra no ensino secundário, deixa uma mensagem tranquila:
“Tentar aproveitar cada momento, porque o secundário passa muito rápido. Às vezes parece o fim do mundo, mas não é. Confiem no processo, pois, no final dá certo.”
Se um dia os seus pacientes a descreverem, Carolina espera ser recordada assim:
“Gostava que me conhecessem pela empatia e pela bondade, acima de tudo. E por conseguir ouvir os outros.”