cancro infantil 1
Publicidade

O mês de setembro é dedicado à sensibilização para o cancro infantil. Dados recentes da Fundação Rui Osório de Castro indicam que o cancro infantil continua a ser a primeira causa de morte por doença em crianças e adolescentes: por ano, em Portugal, estima-se que surjam cerca de 400 novos casos.

Aos 15 anos “João” não é mais um número, mas sim mais uma vítima da doença. Tinha 14 anos quando foi diagnosticado com linfoma. “O meu filho nasceu prematuro, mas nunca teve problemas. Foi um menino extremamente saudável”, recorda a mãe, que não se apercebeu dos primeiros sinais. “Não detetei os primeiros indícios da doença do meu filho. Ele era uma criança com excesso de peso e emagreceu seis quilos. Achamos que era a transição da idade”.

Do dia para a noite, “fomos atropelados”. É desta forma que a mãe de “João” descreve o momento da chegada do diagnóstico. “A notícia é o primeiro impacto. As duas primeiras duas semanas são as piores, porque é uma fase de negação e ainda temos esperança que o médico se tenha enganado no diagnóstico”, descreve.

As notícias iam chegando à família que sentia “ter chegado ao fim do poço. Nessa fase, ainda não aceitamos a situação. É o choro, a sensação de que não somos capazes de lidar com a tudo. Mas depois disto, só temos uma hipótese: ir à luta, porque não há outra solução, para a frente é que é caminho”.

A entrada no IPO do Porto aconteceu no dia 14 de janeiro de 2022 e numa idade “em que se está a formar a personalidade, em que precisamos muito do contacto com os amigos, professores, estar num ambiente diferente”. Momentos e pessoas que a doença privou “João” de ter e de estar. “Não comunica, refugia-se e vai para o quarto. É muito difícil”.

A doença assolou a vida do adolescente, assim como de toda a família, que viu a rotina familiar mudar por completo. “Sofro muito porque estou com ele dia e noite, o pai sofre porque é filho. Toda a nossa rotina atropelada”, revela a mãe.

“João” é o mais novo dos irmãos. Tem duas irmãs mais velhas. “Uma está na universidade e a outra está em casa e tem sido o meu braço direito. Ela trata de tudo. Eu estou internada com o meu filho, uma vez que ele é menor, e é ela que trata de tudo”, conta.

A todas as outras mães que estão a passar pelo mesmo processo, ou que ainda poderão passar, as palavras são de “coragem e luta. Não podemos baixar os braços”.

Ao contrário do que os médicos esperavam, o estado de saúde de “João” “piorou”. Está num novo tratamento e aguarda um autotransplante de medula óssea. Mas a família mantém-se “positiva e esperançosa. É um dia de cada vez. Não fazemos muitos projetos, vamos vivendo um dia de cada vez”

Médicos, enfermeiros e auxiliares, “todos são importantes” para a mãe do adolescente que deixa uma palavra de agradecimento: “Muitas vezes a nossa força e coragem vem deles e só tenho a agradecer”.