"Eça deve permanecer em Tormes" é o nome do movimento liderado pelos familiares do escritor Eça de Queiroz que, em carta enviada à Assembleia da República, manifestam "a mais sentida indignação e surpresa" pela autorização da trasladação dos restos mortais do escritor do cemitério em Santa Cruz do Douro, Baião, para o Panteão Nacional.
José Maria Eça de Queiroz, António Benedito Afonso Eça de Queiroz, Maria Teresa Afonso Eça de Queiroz, Isabel Maria Afonso Eça de Queiroz, Francisco de Paula Queiroz de Andrada, Ana Leonor Queiroz de Andrada, bisnetos e herdeiros legítimos de Eça de Queiroz, referem na carta que a Resolução, datada de 2021, "afronta a vontade" de familiares, "entre os quais os subscritores que nunca foram consultados ou previamente ouvidos sobre tal propósito". Para além disso, "afronta a vontade do povo de Santa Cruz do Douro e de muitos munícipes de Baião". Ne mesmo ano, os cidadãos manifestaram "o desagrado e oposição através de um abaixo-assinado que recolheu mais de quatrocentas assinaturas".
Nesta carta, os bisnetos afirmam, ainda, que a autorização da transladação "afronta, sobretudo, a vontade presumida de Eça de Queiroz" em ser sepultado em Tormes, que os familiares e instituidores da Fundação Eça de Queiroz "fizeram questão de respeitar". Em setembro de 1989, "contra todas as dificuldades", os familiares conseguiram a transladação dos restos mortais do escritor de Lisboa para Tormes.
Dois anos após a Resolução, já mencionada, não há "sinal ou evidência do prosseguimento do propósito da trasladação". No entanto, o tema "emergiu, há algumas semanas, reacendendo a polémica", esclarece a família.
A carta termina com um pedido dos bisnetos ao presidente da Assembleia da Repúblcia: "Ousamos solicitar a Vossa Excelência se digne divulgar pelos Grupos Parlamentares da Assembleia da República, a que Vossa Excelência preside, para a convergência de esforços no sentido de ser votada a retificação da Resolução da Assembleia da República em causa, de modo a ser prestada a homenagem e distinção pública e nacional, com honras de Panteão, a Eça de Queiroz na modalidade legalmente prevista, com aposição de lápide evocativa do seu nome, à qual se associarão, os que subscrevem este documento e todos os que a eles se associam", conclui.