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Beatriz Magalhães tem o sonho de ser médica desde que se lembra. Um sonho que, com “muita dedicação e esforço”, está mais perto de se tornar realidade, depois de ter conseguido entrar na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). É uma das melhores alunas da Escola Secundária do Marco de Canaveses e, numa conversa com o Jornal A VERDADE, falou do seu percurso escolar e também revelou alguns “segredos” para ser uma das melhores alunas.

É natural da freguesia do Marco e, durante o ensino secundário, frequentou o curso de Ciências e Tecnologias, curso que terminou com média interna de 19.7. Garante nunca ter sido uma daquelas pessoas que “têm muitas dúvidas” e recorda: “a minha mãe e a minha avó dizem que desde pequenina que digo que quero ser médica. Ia com a minha avó ao certo de saúde e via os médicos a passar com as batas brancas e sempre tive curiosidade. Quando chegou a altura de decidir, no 12.º ano, foi fácil. Era algo muito fixo na minha cabeça e na minha vida”.

Beatriz Magalhães foi “sempre” uma boa aluna e recorda que cresceu com os avós. “Lembro-me, perfeitamente, de chegar a casa e a primeira coisa que fazia eram os trabalhos de casa. Nunca senti que fosse uma obrigação”, referiu. 

Os avós foram uma grande influência para o sucesso da jovem estudante. “Foi o meu avô que me ensinou a desenhar as letras. Mas eu era curiosa, gostava de aprender e gostava que as pessoas me contassem histórias. O facto de estudar, fazer exercícios, não era nenhuma obrigação, sempre achei divertido”, relembra.

Ser boa aluna, “nunca foi” um peso para a vida da jovem. “Sempre fui incentivada em casa, e tive professores muito bons ao longo do percurso escolar. Eram professores que puxavam por mim, que sabiam que tinha algum potencial e queriam testar isso. Nunca vi como uma pressão. Claro que, de vez em quando, tirava uma nota mais baixa e ficava um bocadinho chateada comigo, mas acho que aprendi com isso. Somos nós próprios que queremos e não os nossos pais. Eu queria ver o fruto do meu trabalho, eu queria estudar e ver boas notas, ver que estava a evoluir”, referiu.

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Apesar de Medicina ser, sempre, a primeira escolha, a jovem aluna “abriu a mente” no 12.º ano e descobriu alguns cursos que também lhe interessavam. “Por exemplo, Ciências Farmacêuticas, é um curso que me despertou curiosidade e sei que, futuramente, pode ser uma opção, se fizer um segundo curso”, afirmou. Mas, no dia em que viu que tinha sido colocada na primeira opção, a jovem admite ter ficado “emocionada. Comecei a chorar, porque era algo que tinha esperado muito tempo. Foi um sentimento muito bom, porque trabalhei para mim e foi sempre isso que os meus pais me impingiram, fazer algo por mim”.

E sobre o método de estudo? A jovem aluna admite que estuda “muito menos do que as pessoas pensam, consigo apanhar as matérias com facilidade. Comecei a ser autocrítica, é muito importante para mim a opinião dos outros, mas eu também tenho de estar satisfeita com aquilo que estou a fazer, ou seja, quando estou a fazer um trabalho e quando me dedico 100% a esse trabalho, vou ser um bocadinho perfecionista. Acho que às vezes é isso que as pessoas se esquecem, procuram a aprovação dos outros e esquecem-se que elas próprias têm de gostar do que estão a fazer”, sublinhou.

Mas não só de estudos e trabalho se faz a vida desta jovem, que, desde pequena, fazia natação, desporto que acabou por abandonar devido a uns problemas no pé. “Adoro ler, ouvir música, sair com os meus pais, fazer caminhadas. Gosto muito de passar tempo com a minha família, acho que é algo que me renova muito”, apontou, acrescentando: “claro que posso ser boa aluna, mas também há momentos em que temos dúvidas sobre o futuro. Então, era muito importante para mim afastar-me dessas coisas, sair um bocado ou ouvir música. Não vou olhar para trás e pensar que devia ter ficado, naquela noite, em casa a estudar. Vou-me lembrar das piadas, dos momentos, até mesmo de alguns momentos tristes. Vou-me lembrar disso, não me vou lembrar de uma página de um caderno”. E é por isso que a jovem dá prioridade à família. “Depois vou para a faculdade e nunca se sabe o que pode acontecer. Medicina é o meu sonho, mas não quer dizer que preciso de abandonar quem está comigo e deixar de fazer outras coisas”.

Para o futuro, a jovem Beatriz admite estar “muito entusiasmada. Vou estar numa universidade muito grande e que é basicamente uma universidade dentro de um hospital. Estou ansiosa para viver a vida académica. Há sempre aquele bichinho de nervosismo dentro de nós. Por exemplo, se eu não me der com ninguém, se eu ficar lá sozinha, se não me adaptar… Mas eu acho que tudo se faz”.

Para o futuro um pouco mais longínquo, Beatriz Magalhães revela que, o que mais a chamou à atenção, foi o “sistema cardiovascular. Acho que a medicina, em si, é muito bonita. Agora, mais recentemente, comecei a desafiar-me, mas é algo para a Beatriz do futuro decidir. Também tenho planos de, talvez, fazer um segundo curso e gostaria de explorar outras áreas e também não coloco de lado a parte do ensino, só o futuro o dirá”, terminou.