barbara pereira marco canaveses
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Bárbara Pereira encontrou um dia a filha, de dois anos, em frente ao espelho e com uma tesoura na mão a cortar o seu próprio cabelo. Quando a mãe a questionou, o porquê de o estar a fazer, a criança disse “que queria um cabelo igual ao da mamá” e, foi aí, que Bárbara percebeu a importância da autoestima.

Foi a própria filha, e o momento em particular, que inspirou Bárbara Pereira a lançar o álbum ilustrado infantil “Crioulinha” pela Associação de Profissionais de Educação de Infância (APEI). O álbum , que se dirige a crianças entre os três e os seis anos, foi criado para a filha e para “a relembrar, todos os dias, como ela é bonita e todas as características que a tornam diferente e tão especial”, explica a mãe.

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Clara tem descendência cabo-verdiana, por parte do pai, comunidade que vê o cabelo como um elemento de estética muito importante e que “ainda é alvo de preconceito. A minha filha tem muitas características africanas, como o cabelo, o tom de pele e o nariz e como toda a gente à volta dela tem cabelo liso, ela sente-se diferente”, explica Bárbara Pereira. A menina “é a vaidade em pessoa”, diz a mãe de Clara que, hoje, “tem muito orgulho nos seus caracóis” e representada no álbum “é o reflexo de muitas Claras”

Na data em que se assinala o Dia Internacional do Livro Infantil, Bárbara Pereira, que está no primeiro ano de mestrado de pré-escolar e primeiro ciclo do ensino básico, reconhece que este género de livros podem surgir para quebrar preconceitos e começar nos mais pequenos. “Claro que podemos abordar estes temas com pessoas de outras faixas etárias, mas quanto mais cedo for passada essa mensagem de forma correta, com amor e aceitação, o fruto que podemos colher, futuramente, é muito mais saboroso”, sublinha.

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“Todos os dias somos confrontados com textos e imagens”, portanto, a leitura está sempre presente no nosso dia e nas rotinas das crianças. Nesse sentido Bárbara acredita que os livros podem ser uma ferramenta de “chamada de atenção” para a importância da leitura na infância, porque “quanto mais cedo as crianças forem introduzidas ao mundo dos livros, mais benefícios terão: aumento de vocabulário, criatividade, melhoria na aprendizagem”. Para além disso, Bárbara Pereira destaca as semelhanças que as crianças podem encontrar nas personagens dos livros, tal como a sua filha. “Assim, não se sentem sozinhos, porque quando abrimos um livro, somos transportados para um mundo mágico”.

“O mundo é feito de todas as cores” e foi essa a razão que levou a autora a escolher uma personagem feminina e africana, “um destaque para a evolução da herança africana e de todos os povos de diferentes etnias”, sublinha Bárbara Pereira, alertando que é, também, “importante que as crianças percebam, desde tenra idade, que existem diferentes texturas, penteados e tipos de cabelo e que essa diversidade enriquece”

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O álbum aborda, “não só a parte estética”, mas também “temas importantes, de forma simples, com melodia e leveza, porque por vezes os assuntos são apresentados de uma forma tão pesada, dura e castradora, que as crianças não entendem”. O primeiro álbum ilustrado infantil “Crioulinha” de Bárbara Pereira já se encontra à venda nas plataformas digitais e vai ser lançado, presencialmente, no dia 5 de abril, pelas 17h00, no Instituto Politécnico de Bragança, para toda a comunidade educativa.

Para Bárbara o importante na mensagem final “é o amor” e quando encontramos um bom livro que nos cativa, “aprendemos a amar a leitura”.