barbara maias karting amarante
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Cada prova que Bárbara Maias realiza significa “muito cansaço, perda de peso e desidratação”.

Bárbara Maias, natural de Amarante, tem apenas 15 anos e iniciou o mundo dos kartings em finais de 2021. Por volta dos 12 anos, o pai apresentou-lhe o mundo dos Karts em Fafe, aquele dia viria a marcar o “sonho” da jovem… competir e ser mecânica de automóveis.

“Comecei a juntar dinheiro e ao fim de três comprei o meu primeiro Karting de competição, no dia 22 de outubro de 2021, um Parolin”. No entanto, num primeiro momento, os “pais deixaram claro que não era para competir”, recorda Bárbara.

A verdade é que a jovem evoluiu de forma rápida e cedo mostrou aos pais as suas capacidades. Inicialmente, tinha “vergonha de dizer que queria correr”, por ser “rapariga e existir algum preconceito”. Apesar de nunca o ter dito abertamente, acredita que os pais estavam conscientes do seu desejo.

No ano de 2022, a jovem lançou-se e participou em duas provas do campeonato Epic Iberico, um campeonato que conta com sete provas na totalidade, três realizadas em Espanha e quatro em Portugal. Conquistou o primeiro lugar na categoria das senhoras e o quarto na geral de júnior.

Depois de ter vencido a prova em Espanha, os pais decidiram investir num karting diferente, da academia Ferrari, que permitiu à filha terminar o campeonato em terceiro lugar nas categorias de senhoras. Fruto do seu esforço, Bárbara será premiada este fim de semana em Vila Real. Apesar dos bons resultados, a família acredita que “podia ter sido melhor”, porque a jovem iniciou o campeonato a meio, acreditando que “poderia ter disputado o primeiro lugar”.

Em 2023, Bárbara Maias pretende voltar a realizar o Epic Iberico, prova internacional, e realizar algumas provas nacionais, neste caso, o campeonato Rotax, em que “todos os kartings têm de ter o mesmo motor e condições e depois é só desenvolvimento do mecânico e do piloto”, explica Joaquim Maias. No caso do Epic Iberico “já é permitida mais intervenção no motor, isto é, os motores podem ser mais adulterados”.

Na primeira prova Epic Iberico que realizou, Bárbara “não tinha qualquer alteração no motor”, o que leva a família a crer, mais uma vez, que “caso tivesse adulterado o motor conseguia ter um resultado melhor e talvez até fazendo só metade com o motor adulterado tivesse chegado a primeiro, mas não temos a certeza claro”.

Por isso, na edição deste ano pretendem “experimentar” e realizar todas as provas. Assim, Bárbara irá deslocar-se a Espanha para três etapas e, ainda, realizar quatro em Portugal, neste caso, nas cidades de Fafe, Poiares, Fátima e Braga.

Bárbara Maias partilha ainda, em conversa com o Jornal A VERDADE, que Eem cada prova existe um regulamento de peso, em que a jovem passa sempre resvés. Com um limite de 160kg, a jovem fica nos 161kg, mas nada a impede de ficar cada vez mais perto do seu sonho. Depois de muito esforço e suar, Bárbara partilha que perde cerca de dois quilos numa prova.

“Os campeonatos de automobilismo é quase tudo masculino”

Bárbara Maias é jovem e mulher. Dois fatores que a levam a sentir algum preconceito durante as provas. Apesar de considerar que “o machismo já não é tão acentuado”, destaca o facto de que “os homens dizerem que não têm nada contra, até ao momento em que eu ganho a um homem”, terminando por dizer que “é um bocado desagradável levar com comentários desnecessários porque ganhei a um homem”.

O pai completa ainda que “os campeonatos de automobilismo e, nomeadamente, no Karting são geralmente quase tudo masculino”. Dando como exemplo uma prova em que o plutão era composto por quatro meninas.

Bárbara Maias ambiciona ser mecânica de automóveis

Em conversa com o Jornal A VERDADE, a jovem confessa que o seu maior desejo é levar os karts para a frente e ser mecânica de automóveis, para isso frequenta o curso de Ciências e Tecnologias e ambiciona seguir estudos na Universidade. No que toca às corridas descreve-as como “a vontade do coração”.

Apesar dos receios iniciais dos pais e, sobretudo, da mãe, foi Joaquim Maias que “pegou o bichinho” à filha. Quando era jovem, na casa dos 18, costumava participar em provas de resistência de 12 e 24 horas e adorava “meter as mãos” nos motores. Atualmente, com 49 anos, vê a filha ingressar por um caminho semelhante, mas neste caso em provas “instantâneas de 20 voltas e que duram mais ou menos 15 minutos”.