banda mancelos
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Dos oito aos 50 anos, são mais de 55 os músicos que compõem a Banda Musical de São Martinho de Mancelos, de Amarante, que este ano celebra 0 134.º aniversário. A data foi assinalada no domingo, dia 7 de maio, com a presença de anteriores dirigentes no jantar e antigos músicos no concerto. “Um sinal de que há ali uma paixão à volta da banda”.

Há dois anos que Susana Pinto é presidente da direção da Banda que “já acompanhava e ouvia”. Depois de um convite, “e de pensar um bocadinho sobre o assunto” decidiu aceitar, porque, como nos diz, “é preciso fazer algo pelas associações, para não as deixar cair”.

Em entrevista ao Jornal A VERDADE, Susana Pinto falou sobre o percurso da banda e do “muito” que há para além dos concertos. “A banda vai muito para além daquilo que vemos nas atuações das festas. Há toda uma logística que é preciso garantir, desde a organização das refeições em dia de atuação, fardamento, aquisição de instrumentos e reparações. Coisas que são caras e, por isso, precisamos de fazer uma ginástica para conseguir financiamento”. Para este avançar do associativismo, contribui o voluntariado “das pessoas que vestem a camisola”, garante a dirigente.

Para além das despesas como o combustível, há também por parte deste músicos o investimento de tempo para os ensaios. “Há uma fase em que deixamos de ensaiar porque passamos a ter atuações, mas ainda ensaiamos até ao último fim de semana de maio, normalmente de oito em oito dias. Às vezes fazemos intervalos para dar descanso aos músicos”.

No entanto, para o avançar de projetos como este, existem rostos para além daqueles que são visíveis e reconhecer o sucesso de uma banda é também reconhecer o trabalho de quem a dirige. Engenheira civil de profissão, Susana Pinto é natural de Mancelos, uma freguesia de Amarante, e conta que se habituou, “desde pequena, a crescer à volta da música. O meu pai e o meu tio tinham sido dirigentes há muitos anos, quando ainda era miúda e entretanto tinha alguns músicos amigos ligados à banda, os meus primos foram músicos e acabou por surgir o convite, por saber que sou uma apreciadora”, recorda.

Pensou “mais do que duas vezes” para aceitar o convite do cargo que hoje assume, porque “primeiro porque era algo completamente novo e depois porque com a minha vida profissional, achava que não tinha disponibilidade, mas tempo é algo que arranjamos e fui aprendendo, ao longo do tempo, que só tem tempo quem já não tem”, diz.

Susana Pinto assumiu a direção no pós pandemia, um período “difícil” para a música. “Demorou a retomar o interesse dos miúdos pelas aulas de música. E as ficaram muito fechadas em casa e sobre si próprias e perderam o interesse na música. A 31 de julho de 2021 tivemos o primeiro concerto (o meu primeiro concerto enquanto presidente), ainda com condicionantes muito complicadas, ainda havia horário de recolher e distanciamento social”.

Pandemias à parte, a Banda Musical de São Martinho de Mancelos manteve-se “unida” e hoje define-se como uma “família. Somos um grupo que se dá muito bem, quer músicos, quer direção. Temos os nossos problemas, como todas as outras associações, não é tudo maravilhoso, mas sim regra geral damo-nos bem. Por exemplo, não há nada melhor do que um jantar no final de um concerto. Enquanto não se realiza o concerto só trabalhamos, corremos para todo o lado, depois sim sentamo-nos para conviver”, frisa.

Como nos diz Susana Pinto, o objetivo da banda passa por fazer “coisas diferentes das que se fazem habitualmente. Vamo-nos adaptando aos novos tempos e gostos. Nos arranjos procuramos ter uma musicalidade mais atual, sempre com o cunho da filarmónica”.

Uma diferença que poderá ser apreciada nas atuações deste verão, que será “interessante a nível de concertos”.

Para a presidente, o trabalho feito até então “e o sucesso são para continuar. Não andamos a trabalhar este tempo todo para deixar cair. São muitos anos, a banda já passou por períodos muito difíceis, mas sempre teve um núcleo de pessoas envolvidas dispostas a trabalhar gratuitamente”, conclui.