padrinhos d africa
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Este domingo assinala-se o Dia Mundial das Missões, que tem como objetivo incentivar a cooperação missionária pelo mundo e agradecer o contributo dos missionários na construção de um mundo melhor. O Jornal A VERDADE traz-lhe a história de Célia Queirós que, juntamente com um grupo de pessoas, criou a Associação Padrinhos D’África.

“Cuidar dos outros e ajudar o próximo” sempre foi um projeto de vida Célia Queirós, que nasceu numa família cristã “que todos os fins de semana ia ao encontro dos que viviam sozinhos ou estavam doentes na paróquia. Ajudar o próximo é uma herança”, frisa.

Enfermeira de profissão, Célia Queirós deu início à vida de missionária em 2001, quando partiu para a cidade de Gurué, província da Zambézia, em Moçambique. “Na altura dava apoio a um grupo de peregrinos, que todos os anos fazia esta peregrinação. Lá conheci o padre missionário, Feliciano Garcês, que também integrava esse apoio, e que me fez o convite para integrar um grupo de voluntários”, recorda.

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Na primeira experiência, o impacto foi “grande” a vários níveis. “Era a primeira vez que estava num país africano, com um clima, paisagens e um cultura diferentes. De facto, as diferenças são grandes”. Mas Célia relembra também o outro “grande impacto: as condições sócio económicas” das pessoas com quem se relacionava e o acesso às necessidades. “Volvidos 21 anos ainda existe uma grande diferença. O que distingue bastante as necessidades destes países africanos com o nosso, por exemplo, tem a ver com a velocidade com que a ajuda pode chegar. Testemunhamos, localmente, que ajudar estas instituições era algo feito pelos privados, pela boa vontade das pessoas”, conta.

Integrando a Associação dos Leigos voluntários dehonianos, recebe um pedido de ajuda de um lar. “Foi-nos pedido que encontrássemos padrinhos que pudessem contribuir com um valor anual, para garantir que aquelas crianças, pudessem ter alimentação, roupas, cuidados de saúde, tudo o que é preciso para o crescimento de um ser humano. Mas que também pudessem ter acesso à escola”.

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Foi assim começou o trajeto da Associação Padrinhos D’África, que apoia instituições que acolhem crianças e jovens africanos desfavorecidos, abandonados pelos pais ou que são órfãos e, consequentemente, ficaram sem apoio familiar. Com missões na Guiné-Bissau e Moçambique, a associação conta com a ajuda de cerca de 250 padrinhos de norte a sul do país, ilhas e alguns imigrantes. 

A Associação Padrinhos D’África é “um elemento que colabora com instituições para que essas possam continuar a acolher crianças que são entregues”, explica Célia Queirós, que ao Jornal A VERDADE recorda uma das“cenas chocantes” que presenciou nas missões que já realizou. “Lembro-me de ver chegar ao lar um senhor com uma criança pequena e que vinha entregá-la. Era um tio. Dizia que a mãe tinha morrido e que não tinha como alimentá-la, porque tinha os seus filhos”.

Para a presidente da associação, “garantir, anualmente, um valor fixo, é uma garantia para estas missões poderem continuar a aceitar e acolher as crianças que lhes chegam” e a Padrinhos D’África é “apenas uma no meio de muitas, mas que vai fazendo a diferença”, garante.

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As dificuldades e as necessidades continuam a existir, assim como os projetos para aquelas crianças. “Em abril deste ano, em parceria com uma empresa portuguesa que já lá estava, criamos uma biblioteca. Agora, o projeto que está em desenvolvimento é a preparação do recheio da mesma, no lar que tem mais crianças em Moçambique, são cerca de 70”, revela Célia Queirós.

No futuro, a Associação Padrinhos D’África “continua a localizar pessoas para apadrinhar esta causa”.