Artigo de opinião de Joana Pimenta, coordenadora do Núcleo de Estudos de Insuficiência Cardíaca da SPMI.
No dia 29 de setembro celebra-se mais um Dia Mundial do Coração. Este ano, a World Heart Federation propõe um mote assente em 3 pilares: “Usa o Coração pela Humanidade”, “Usa o coração pela Natureza” e “Usa o coração por ti”.
São 3 desígnios com um espectro e alcance de ação muito diferentes, mas com o propósito comum de tornar melhor o mundo em que vivemos, à escala global e individual, promovendo também a saúde cardiovascular.
“Usa o coração pela Humanidade”, alerta para o importante problema da equidade no acesso à saúde, mais premente nos países de médio-baixo rendimento (onde ocorrem 75% das mortes cardiovasculares) mas presente em todo o mundo, incluindo no nosso país. Também em Portugal o acesso aos cuidados de saúde tem assimetrias, como temos vindo a ser relembrados diariamente. O combate a essa desigualdade tem muitas frentes, mas podemos tentar fazer a nossa parte, como profissionais de saúde ou como cidadãos, promovendo uma organização mais colaborativa e aberta à comunidade das estruturas de trabalho onde estamos inseridos, ou participando em ações de divulgação e literacia em saúde e de voluntariado social.
“Usa o Coração pela Natureza” convoca-nos para a proteção do nosso planeta, fragilizado pela agressão constante a que o temos sujeitado e que se repercute em nós, os agressores, de variadas formas. A poluição aérea (responsável por 25% das mortes cardiovasculares e por várias doenças respiratórias, do enfisema ao cancro do pulmão) e as ondas de calor e frio extremos (causa de mortalidade e descompensação de muitas doenças crónicas) são duas consequências inegáveis do impacto da ação humana no seu ecossistema. Todos podemos contribuir para minimizar essa ação com pequenos gestos diários: preferir andar a pé ou de bicicleta em vez de usar veículos motorizados, optar por combustíveis mais ecológicos, reciclar e reduzir o desperdício e poupar água, por exemplo.
“Usa o Coração por ti” é uma chamada de atenção para o impacto que o stress psicológico (que pode duplicar o risco de enfarte do miocárdio) e os maus hábitos de vida a ele associados podem ter na saúde cardiovascular. Temos vivido tempos particularmente desafiantes desse ponto de vista e, por isso, torna-se ainda mais relevante promover hábitos de vida saudável em nós e nos que nos rodeiam. Aprender a lidar com o stress de uma forma positiva, fazer exercício físico regular, adotar uma dieta e hábitos de sono saudáveis e renunciar ao consumo de álcool e tabaco podem fazer muito pelo nosso coração e pela nossa saúde em geral.
Neste Dia do Coração, saibamos ouvi-lo com atenção para repensar o nosso estilo de vida e usá-lo para fazer escolhas mais sustentáveis, contribuindo para uma Natureza e Humanidade mais saudáveis e um mundo necessariamente melhor, para nós e para as próximas gerações.