ana sofia loureiro
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Hoje, dia 15 de novembro de 2022, atingimos simbolicamente a marca das 8 mil milhões de pessoas no mundo. Tudo indica que em 2030 seremos 8,5 mil milhões, 9,7 mil milhões em 2050, e 10,4 mil milhões em 2100. Este é um marco de alerta para as consequências do aquecimento global e do consumo de recursos do planeta Terra. Até quando o planeta vai aguentar o aumento populacional? 

É inequívoco que o mundo tem mudado e há dados importantes sobre a população. No próximo ano, a China vai deixar de ser o país mais populoso do mundo para dar lugar à Índia. Para além disso, a Nigéria, com o seu aumento populacional a rondar os 3% por ano, será, muito possivelmente, o país mais populoso do mundo no final do século. Assim, a África Subsaariana vai passar de 1 mil milhão de pessoas em 2017 para serem 3 mil milhões em 2100. Tudo porque haverá uma queda das taxas de mortalidade, um aumento do número de mulheres a entrar em idade reprodutiva, uma melhoria na saúde pública, nutrição, higiene pessoal e da medicina.

É verdade: de modo generalizado, seremos mais porque também vivemos mais anos. Em 2019, a esperança média de vida era de 72,8 anos – um aumento de quase nove anos face a 1990. Contudo, essa expectativa deve continuar a aumentar até 2050, fixando-se nos 77,2 anos. A ONU estima que a população mundial deverá atingir o seu pico, em 2080, com a marca histórica de 10,4 mil milhões de pessoas e esse valor deve permanecer estável até 2100. Contudo, depois disso, é irreversível o seu declínio. No entanto, há alguns dados importantes a ter em conta.  

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Um. Haverá mais idosos. Atualmente, pessoas com mais de 65 anos representam 10% da população. Em 2050, essa percentagem vai subir para 16%. O motivo deste dado prende-se com o facto do aumento da esperança média de vida com a queda da taxa de natalidade.  Em 2021, a taxa média de fecundidade era de 2,3 filhos por mulher, acima dos cerca de 5 em 1990, que se transformarão em 2,1 em 2050, segundo a ONU. 

Dois. A imigração será o motor de crescimento populacional nos países mais ricos. Nesses países, hoje, a imigração é mais responsável pelo aumento populacional do que a taxa de natalidade. Entre 2000 e 2020, a imigração para esses países fez a população crescer em 80,5 milhões de pessoas, em oposição ao número de nascimentos que corresponde apenas a 66,5 milhões. Contudo, entre 2022 e 2050, haverá países no mundo a perder população em cerca de 1%, por causa da imigração. 

Três. Os mais pobres são os mais prejudicados – como sempre. Segundo a ONU, o rápido crescimento populacional será um dos grandes desafios para o desenvolvimento sustentável das cidades e das sociedades. Há preocupações relacionadas com a economia, as infraestruturas e a educação, uma vez que o crescimento mais acelerado da população irá acontecer nos países menos desenvolvidos. Segundo a ONU, mais de metade do crescimento populacional até 2050 virá de apenas 8 países: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia. 

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Quatro. Onde vamos buscar mais recursos? Em 2022, a Terra esgotou os seus recursos naturais no dia 1 de agosto. Por outras palavras, o Homem consumiu a meio do ano todos os recursos disponíveis até dezembro. Feitas as contas, seriam necessárias 1,7 Terras para sustentar o atual nível estimado de recursos necessários às atividades humanas. 

Assim, graças ao crescimento populacional, é urgente pensar políticas ao nível da produção alimentar, das alterações climáticas, da habitação para todos e da distribuição de recursos. Para além disso, é fundamental que os países mais ricos fomentem políticas para os mais velhos e apostem no progresso social dos países menos desenvolvidos. O crescimento populacional pode ser uma boa oportunidade, sobretudo nos países mais pobres, onde a natalidade é maior, para serem criados empregos mais produtivos, de modo a acelerar o crescimento económico. Ainda assim, apostar na educação, na igualdade de género e no acesso a sistemas de saúde é crucial para promover a desaceleração do crescimento populacional nesses países. 

Segundo Darwin, “Não é a espécie mais forte que sobrevive, nem mesmo a mais inteligente, mas a que reage melhor à mudança”. Por isso, é impreterível mitigar os desafios sociais, económicos e demográficos provocados pelo aumento populacional. O que podem os países fazer para se adaptarem ao crescimento demográfico? Por outras palavras, como podem oito mil milhões de pessoas tornar-se em oito mil milhões de novas oportunidades? 

Texto de Ana Sofia Loureiro