palavras lucia resende
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Artigo de opinião de Lúcia Resende.

“Há palavras de dias de nevoeiro, de trovoada e rajadas de tempestade. Mas podemos regredir essas turbulências, com palavras de sol. De luz. De mar. E de cheiro a verão. Porque, as palavras podem (e devem!) ser Luz na nossa caminhada.”

As Palavras são a essência que nos distingue das demais espécies… Foram elas que permitiram a evolução do homem e nos transformaram em seres humanos, racionais e pensantes, únicos e exclusivos. As palavras permitem-nos exprimir o que nos vai na alma e o que sente o coração. São elas que nos possibilitam explicar, comunicar e estabelecer laços de linguagem, que nada mais nos permite tal feito, e efeito, como o das palavras, ditas e soltas.

Às vezes, as palavras magoam por serem ditas. O que é dito. Como é dito. E a forma de dizer. Tudo impera no impacto com que nos chegam e, também, na forma com que nos dirigimos ao outro. Outras vezes magoam, porque não nos foram ditas… Porque uma simples palavra, num momento concreto, faz-nos toda a diferença. E carrega todo um peso de alento e de ternura para connosco. Por e simplesmente, precisamos de as ouvir. Porque nos trazem tanto que aspiramos. E nos transmitem uma segurança, que buscamos. E de cada vez que as ouvimos, o nosso coração pulsa de luz. De energia e de bons sentimentos. Rejuvenescemos por dentro. E florescemos por fora.

No entanto, algumas são as vezes que as palavras magoam, porque ficamos com elas por dizer. Essas que nos ficam guardadas e reprimidas… dentro de nós. Que não queremos dizer. Ou optamos por não verbalizar. E que não sendo expressas, ali ficam a incomodar. A fazer mossa. A despedaçar. E a ocupar o espaço, que seria do sossego. Ou, por cá andam, meramente ocultas e escondidas, pelo medo e receio de as pronunciar. Simplesmente, para nos resguardar. Ou nos proteger. Ao evitar de as dizer. Ocultas dos outros, as palavras guardadas, não são usadas contra nós ou atiradas de arremesso. E pensando que nos livramos do sofrimento das palavras ditas, ficamos com elas por dizer… Mas um outro sofrimento nos assola. Vem a dor e o incómodo. E ali ficam, a conjeturar uma forma de tal peso, nos poder livrar…

E sempre a palavra só será palavra, se for dita. Enquanto não o for, é sentimento e mera implosão. E sempre que erramos com uma palavra, existe outra para compensar esse erro. Há palavras de dias de nevoeiro, de trovoada e rajadas de tempestade. Mas podemos regredir essas turbulências, com palavras de sol. De luz. De mar. E de cheiro a verão. Porque, as palavras podem (e devem!) ser Luz na nossa caminhada.

Eu, verdadeiramente, gosto de palavras. Visto-me com elas. Sinto as palavras. Vivo das palavras. Só digo o que penso. E mais não falo, que aquilo que sinto. Tenho uma excelente memória das palavras… Do contexto. Do lugar. Da entoação. E da expressão de quem as pronuncia. Consigo fixar os mais ínfimos pormenores, de como foram ditas. E estimo tanto aquelas palavras, que trazem com elas a esperança. Dão ânimo e conforto. Enchem-me o coração. E reconfortam-me a alma. Como se delas precisasse, para se despontar o brilho do meu mundo e do mundo ao redor. Mas, outras vezes, as palavras agridem-me e ferem-me desmesuradamente. Perplexa com elas, vindas de quem as profere, as palavras magoam. E, por vezes, magoa ainda mais, o silêncio daquelas, que ficam por dizer…