Artigo de opinião de Estevão Pape, coordenador do Núcleo de Diabetes Mellitus da SPMI – Sociedade Portuguesa Medicina Interna.
Dia 14 de Novembro é o Dia Mundial da Diabetes estabelecido pela IDF – International Diabetes Federation para um alerta em todo o Mundo e em toda a humanidade para a pandemia “Diabetes“.
Em todo o Mundo existem mais de 500 milhões de pessoas que vivem com diabetes, a maioria não sabe que a tem, nunca lhes foi diagnosticada e outros recusam admitir que a têm. Em Portugal haverá cerca de um milhão de pessoas com diabetes e provavelmente mais meio milhão que a ignoram.
O Alerta Mundial no dia 14 de novembro é o alerta para todos com o lema “Prevenir hoje para proteger o amanhã“.
Num mundo globalizado de preocupações múltiplas em que as alterações climáticas dominam a agenda, a diabetes deve ser também uma preocupação máxima de todos nós – Nós porque também nós “somos diabetes“.
Os excessos de uns e a carência de outros criam um déficit em todo o Mundo que com urgência de mudança – a doença também é uma alteração de bem-estar humano e é nossa responsabilidade evitá-la ou criar condições para que não chegue a outros tantos milhões. Em Portugal não é diferente.
Os hábitos alimentares em excesso (e também em carência) e o estilo de vida são provavelmente a principal causa para o “caminho“ para a diabetes e a obesidade que tanto contribuem para uma vida sem saúde.
O caminho é contribuir para a saúde, não para a doença, com dinâmica comunicacional eficaz, não com alarmes diários do desastre, mas sim com atitudes positivas.
Os profissionais e as instituições de saúde têm a carga de tratar a doença, mas têm também a responsabilidade da prevenção e contribuir para que todos tenham um papel dinâmico na prevenção.
“Educar hoje para prevenir o amanhã”, é sem dúvida um lema com impacto se for realmente interiorizado por todos nós como nosso contributo para estancar o caminho para a doença – a Diabetes e a Obesidade.
Numa era em que para tratar a diabetes a evolução foi gigante, em especial em termos farmacológicos, mas também com a grande evolução tecnológica e digital, somos sobretudo responsáveis pela Prevenção – e aí embora com enorme esforço não temos sido verdadeiramente eficazes.
Algo tem de mudar no nosso esforço diário educativo não só para aqueles que já são diabéticos, mas sobretudo para aqueles que ainda não a têm, mas muito provavelmente a viram a ter a curto ou médio prazo. A mudança está numa nova forma de organização e comunicação sobre o estilo de vida que tanto se fala atualmente, mas não basta falar, há que atuar já para não termos um amanhã com doença.
A velocidade e as alterações do mundo de hoje merecem um novo olhar e, tal como no clima não temos muito tempo.
Trinta por cento dos doentes internados em hospitais em Portugal têm diabetes. Este fenómeno tem mesmo de ser alterado, e não é apenas com meios tecnológicos e farmacológicos modernos e eficazes que a mudança acontecerá. A responsabilidade educativa dos profissionais de saúde é grande, mas também a responsabilidade e o empenho da sociedade devem ser concretas e estimuladas por todos.
A Diabetes na realidade somos mesmo todos nós.