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Arqueólogo recorda as primeiras escavações em Tongobriga: "tudo começou num campo de milho"

Redação

A Área Arqueológica de Tongobriga comemorou, no dia 20 de agosto, a data das suas primeiras escavações. Neste sentido, a Área Arqueológica do Freixo (AAF) convidou vários membros das equipas de investigação originais para recordarem os primeiros trabalhos realizados nas ruínas da cidade romana. 

Lino Tavares Dias foi um dos convidados e "principal protagonista" destes trabalhos iniciados há 44 anos, o arqueólogo e professor universitário foi o responsável pelas primeiras escavações deste monumento e património cultural. 

"Foi há 44 anos, estava um dia de calor como hoje e eu e uma pequenina equipa viemos do porto para iniciarmos os trabalhos de escavação", recorda o arqueólogo. 

A equipa composta por "pessoas ligadas à faculdade de letras, à investigação e ainda alguns estudantes" chegaram ao local de prospeção após "todo um trabalho de preparação", de recolha de informações e de articulação com a Câmara Municipal do Marco de Canaveses, continuou Lino Tavares Dias.

"Tudo começou num campo de milho", brinca o professor. 

Os campos onde se viriam a encontrar as várias estruturas romanas eram, na altura, "um terreno onde cresciam oliveiras e um belíssimo campo de milho muito bonito e muito bem tratado por um casal já idoso que tratava dos campos com muito carinho", acrescentou. 

 "Foi olhar, procurar, escavar e encontrar", salienta o então responsável das investigações, referindo-se aos primeiros trabalhos no terreno.

O grupo de arqueólogos começou por tentar identificar e reconhecer aquilo que no fundo já era informação conhecida, partindo daí para o "avançar da escavação, do estudo e de trabalhos laboratoriais que desde então nunca mais pararam", afirmou. 

As escavações, segundo Lino Tavares Dias, "continuaram durante muitos anos, eu propriamente parei a minha intervenção há cerca de 10 anos, mas outros colegas continuaram o processo".

O convite da AAF para as celebrações do "Dia de Tongobriga" foi "uma atitude muito bonita de quem está cá agora", parabenizou o investigador. 

"O ter memória é uma coisa muito interessante e nós que somos da área da história e da cultura valorizamos muito isso. É importante que esta memória esteja sempre acompanhada da crítica e do comentário e eu julgo que é isso que neste momento está a acontecer", acrescentou. 

Quando questionado sobre a importância desta área arqueológica, o investigador explica: "Tongobriga surgiu como um sítio arqueológico romano num território que tinha já vestígios mas não propriamente um sítio afirmado como cidade e como estrutura capital de um território. Hoje o que nós podemos dizer é que Tongobriga, pela sua descoberta e pelo que ainda pode ser encontrado, marcam o território", realçou. 

"É a cabeça de um território que, conjugando todos os conhecimentos recolhidos por colegas que estudam todo o noroeste da península ibérica, permite-nos perceber a forma como isto há 2 mil anos foi organizado. A economia agrária, a economia mineira e a estrutura urbana estrutura política. Nós vamos sabendo cada vez mais, já sabemos muito, sabemos mais do que sabíamos há 40 anos mas vamos sempre aprendendo mais com a evolução da investigação, daí a importância de Tongobriga", concluiu.