jose pedro de miranda piloto rali amarante 8
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José de Miranda, natural de Amarante, cresceu numa família marcada pelos ralis. O avô e tio estiveram desde cedo envolvidos com o mundo dos carros e, embora o neto e sobrinho tivesse crescido dentro desse meio, o futebol foi a sua primeira escolha. 

Uma das razões que o levou a tomar esta decisão foi motivados pelos “gastos e falta de apoios” no mundo do desporto motorizado, o que não acontecia no futebol, onde era “comprar umas chuteiras, caneleiras… acabou por ser uma paixão que ganhei em detrimento do desporto motorizado”. 

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Foi já na 3.ª Divisão, que o sonho do amarantino começou a desmoronar. Na casa dos 20 anos sofreu duas lesões, a primeira no joelho esquerdo e, mais tarde, também no direito. As lesões nos joelhos levaram o jovem a cair para os distritais e “a perder um pouco a paixão pelo futebol. Deitou abaixo todo o sonho que tinha“, partilha.

Em 2015, na casa dos 21 anos, José de Miranda acabou mesmo por abandonar a carreira de jogador de futebol. “Foi muito difícil, poque estava na 3.ª Divisão, sentia-me muito bem, sabia que poderia ir além, era jovem, tinha tudo para correr bem e quando aconteceram as lesões foi uma facada muito grande, porque não tive o acompanhamento certo para me levantar”. 

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Foram meses “difíceis” já que o piloto olhou para o futebol, desde a escola, como um “objetivo profissional”. Aliás, a partir do 12.º ano começou “a viver para o futebol”. 

A partir daí, o rali começou a tornar-se uma possibilidade e, no ano em que a mãe faleceu, em 2018, José de Miranda sentiu que era a altura de “realizar todos os sonhos” e aventurou-se na sua primeira corrida, em Amarante, em conjunto com o avô. “Ele sempre quis fazer um rali comigo e tinha dito que comigo seria o último”… e assim foi.

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“Para o meu avô é um orgulho ver-me correr”

Embora que com papéis distintos, José Pedro acabou por seguir as pisadas do avô. Embora tenha deixado as corridas, continua a acompanhar o neto em todos os ralis, contribuindo com “ajuda e conselhos. Os ralis agora são diferentes, nomeadamente, a nível de assistência que são mais regradas e não há tanto tempo para contactar com as pessoas, mas ele sempre que pode dá-me a sua ajuda”.  

Para além disso, tem ao seu lado o tio, piloto e vice-campeão nacional de Grupo M em 1998/99, com quem se sentou no mesmo carro no seu segundo rali. “Em 1997 o meu tio começou a correr e o meu avô a navegar, acompanhei-os sempre nos ralis daí a minha ligação e a paixão”. Sem esquecer a figura paterna que embora não pratique tem contribuído para a realização do sonho do filho. 

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Com o desporto motorizado a correr no sangue, José de Miranda permanece consciente de que ser profissional nos ralis em Portugal é “difícil. Faço por desporto e dependo dos meus patrocinadores, porque é uma despesa grande. A verdade é que eles dão-me a maior ajuda do mundo, porque sem eles não estaríamos a ter esta conversa porque não ia fazer ralis”, garante. 

No que toca a objetivos de vida a nível desportivo, o amarantino já realizou o principal: “fazer o Rali de Amarante no piso de terra. Por enquanto, não tenho nenhuma prova traçada, a não ser o rali da minha terra e fazer mais um ou outro. Tenho feito o de Mesão Frio todos os anos”. 

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Mesmo que não o realize de modo profissional, José Pedro sabe que o desporto motorizado corre-lhe nas veias. Aliás, desde o primeiro dia que o sentiu… ainda num simulador o “sangue ferveu e percebi que era realmente aquilo que queria fazer”. Por outro lado, do futebol já “não restam saudades“. A distância fez com que se desapegasse e, hoje, “praticamente não vê, nem tem o bichinho de querer jogar”.