Com uma coleção inspirada no verão, piqueniques e na natureza, Eduarda Alves, uma jovem de 19 anos, natural da freguesia de Soalhães, concelho do Marco de Canaveses, deu a conhecer o seu talento na área da moda à sua terra natal, durante o Desfile Moda Noite Verde.
Em entrevista ao Jornal A VERDADE, conta que desde pequena que gosta de artes, inclusive a sua disciplina preferida era Educação Visual, embora nunca tenha pensado em seguir moda. Quando começou a bater à porta o secundário, foi tempo de novas decisões e a escolha recaiu sobre um curso de Moda no Porto. “Percebi que era mesmo aquilo que queria, estou no meu último ano de faculdade, a fazer um CTESP, mas a minha dúvida é se vou tirar uma licenciatura ou se começo um negócio, vou agora estagiar para um atelier e isso vai me dar muita visão do que é criar um negócio”, partilha.
Convicto do seu desejo, Eduarda descobriu, tempos mais tarde, em convívios de família, que teve uma irmã da bisavó costureira e que também a mãe o desejou ser. “Tive o apoio 100% da minha família quando fui para o Porto, tinham receio, o que era normal, mas não queriam cortar as asas e incentivaram o meu sonho”.
Entre costura, modelagem e todo o processo criativo, a jovem aprendeu muito ao longo destes anos e teve oportunidade de estagiar num atelier de noivas, bem como ajudar as suas professoras a dar aulas.
Participar no Desfile Moda Noite Verde foi “chorar de muita felicidade”
Tudo começou com um “para o ano se calhar és tu aqui”. Na altura, Eduarda não fez caso das palavras da amiga e, por isso, nem pensou mais no assunto. Pela altura do verão, começou a desenhar uma coleção relacionada com a estação e, desta vez, a sugestão surgiu da boca do pai, mas a jovem costureira achou que seria “impossível”. Mesmo assim, e convicta de que “não tinha nada a perder”, dirigiu-se à Associação Empresarial do Marco, organizadora do evento, e para sua surpresa recebeu um SIM.
“Foi muito choro, mas de felicidade. Sou muito lamechas. Lembro-me de chorar lá, em conjunto com a Elisabete, porque fiquei mesmo muito feliz, mas também com receio, porque tinha medo que as coisas não ficassem como queria”, relembra.
A verdade é que em três meses, Eduarda Alves tinha a coleção pronta para ser estreada no Desfile Moda Noite Verde. O processo foi feito praticamente todo na sua terra natal, desde os tecidos até ao processo de costura. “Tive sorte porque fiquei num espaço do meu pai onde desorganizei tudo, mas fugi do ambiente de casa”, partilha, entre risos. Embora tivesse chorado algumas vezes, a jovem marcoense sentia-se “mais orgulhosa” a cada passo que dava, recordando uma situação caricata. “A três dias do desfile, tive um tecido que começou a terminar e então fui montando no manequim, a verdade é que acabou por dar uma peça super linda, mas muito diferente do que tinha desenhado”.
Com os holofotes prontos e os manequins apostos, Eduarda Alves viu a sua coleção deslizar pela passerelle. “Ver a roupa a sair do papel é muito satisfatório”, começou por destacar, acrescentando que no dia estava “tudo à flor da pele, mas é uma experiência incrível, não dá para explicar, é um sentimento de orgulho vê-las lá em cima e pensar que fui eu que fiz aquilo. É mesmo uma loucura! É muito gratificante e espero que haja mais oportunidades”, confessou emocionada.