Há 52 anos que Serafim Teixeira trabalha a arte das bengalas. Natural de Gestaçô, o baionense dedicou-se toda a vida a uma tradição ancestral que, cada vez mais, vê o seu fim a aproximar.
Embora Serafim Teixeira não tivesse tido grande escolhas profissionais em jovem, confessa, em conversa com o Jornal A VERDADE, que não se “arrepende” de ter recusado outras propostas durante a vida para continuar fiel às suas bengalas.
Foi com apenas 11 anos e com a bagagem da 4.ª classe que Serafim Teixeira meteu mãos à obra e juntou-se ao negócio do padrinho, local onde trabalhava também o seu pai. “Terminei a escola numa sexta-feira e na segunda-feira fui logo trabalhar”, recorda.
Aos 29 anos e com muita experiência às costas lançou-se por conta própria e, até hoje, trabalha sozinho. Uma realidade que entristece o baionense, já que sonhava ter aprendizes a quem pudesse ensinar esta arte. “Gostava que isto continuasse e que existissem jovens que viessem, porque tinha todo o gosto de os ensinar, mas não há quem queira”, partilha.
Embora tenha ‘amor à camisola’, Serafim Teixeira reconhece que são “muitas horas de trabalho para ganhar alguma coisa. O artesanato é mal pago, dá para a gente viver, só que é preciso trabalhar muita hora”.
A época áurea decorre entre dezembro e abril, altura em que Serafim Teixeira prepara entre seis a sete mil bengalas para as Queimas do Porto e de Coimbra. “Trabalho das 06h00 até às 20h00, de segunda-feira a sábado, para ter tudo pronto”.
Atualmente, existem apenas quatro fabricantes de bengalas em Gestaçô e Serafim Teixeira, tem a “infeliz” certeza, de que um dia isto “irá acabar. Vou deixar algumas antes de morrer para ficar uma recordação minha, mas enquanto Deus me der forças vou continuar”.