Entre os dias 10 e 15 de setembro, Guilherme Sousa esteve entre os jovens de 41 países que competiam na profissão de Soldadura, no Campeonato do Mundo das Profissões – WorldSkills, que decorreu em Lyon.
Terminou com a conquista da Medalha de Excelência, naquela que é a maior competição de habilidades técnicas e profissionais, que procura incentivar o desenvolvimento dos jovens no âmbito profissional, promover competências e criar futuras gerações de talentos qualificados.
A soldadura era, em tempos, uma área que “desconhecia”, mas que foi “percebendo que gostava muito” durante o curso no CENFIM de Ermesinde, escola que escolheu “por uma questão geográfica e porque tinha alguns colegas lá a estudar”.
Quando chegou o momento de decidir a área que iria seguir no ensino secundário, o paredense de 22 anos “não sabia muito bem o que queria, era muito novo, não tinha muito a noção do mercado de trabalho”, acabando por seguir o ensino regular em Ciências e Tecnologias.
Finalizado o 12.ª ano chegava um momento de mais uma decisão, o início das candidaturas ao ensino superior, e Guilherme Sousa recorda que “não havia nenhum curso que gostasse. Não me identificava com nada. Olhei para o que havia e percebi que a soldadura era, e é, uma área em que existe muita procura e uma oferta muito limitada, porque embora existam muito soldadores, a oferta ainda é maior”.
A área estava decidida, mas o jovem natural de Recarei procurava “uma oferta de soldador especializado. Não queria ser alguém que chega e faz o trabalho, mas sim um profissional completo, com bases e que soubesse trabalhar todos os processos de soldadura, alguém que percebesse de tecnologia de materiais. Foi assim que aconteceu e tive a sorte foi ter entrado num centro do formação que tinha muito para oferecer“, recorda.
“Dediquei-me e o gosto começou a aparecer”
O gosto pela soldadura foi “um processo natural” para Guilherme Sousa, que não tem “nenhum familiar na área”. O pai é bancário, a mãe trabalha numa creche e o avô “sempre foi serralheiro mecânico. Por isso, não veio de família, dediquei-me e o gosto começou a aparecer. Como vi que tinha jeito, ajudou”.
Porque gosta tanto da área? “Enquadra-se em muito setores industriais e tem a vertente da execução. Gosto do fazer e de perceber, por exemplo, como consigo tornar uma linha mais produtiva”, explica Guilherme Sousa.
O, agora soldador, terminou o curso e, atualmente, faz “alguns trabalhos” e dedica-se à formação no CEMFIM de Ermesinde. Quando surgiu oportunidade disse sim e confessa estar a “gostar muito” de transmitir tudo o que aprendeu a “pessoas mais velhas. Olham e dizem que sou muito novo, ficam de pé atrás, mas depois tenho facilidade em comunicar com eles, em transmitir o que sei e eles gostam. O feedback tem sido positivo“.
“Quero continuar a estudar”
Sobre o estigma associado ao ensino profissional, Guilherme Sousa reconhece que “tem vindo a esbater-se” e que ” já se vêm muitos jovens nos cursos de aprendizagem”, mas a procura maior é feita por “por pessoas mais velhas, que já estão a trabalhar e querem fazer a especialização”.
No seu caso, em particular, “se fosse nesta fase, voltaria a escolher o ensino profissional”, mas os três anos no ensino regular ajudaram-nos a “crescer”, a “olhar para as coisas de uma forma diferente” e, na entrada no curso “já tinha uma perspetiva diferente das coisas”.
Quanto à profissão não tem dúvidas de que “não é qualquer pessoas que tem perfil” para exercer uma área “única e particular”.
O futuro “é incerto”, porque Guilherme Sousa está a “tentar perceber” o que quer fazer, mas o que é certo é que quer “continuar a estudar e a fazer formação específica em soldadura”. Em novembro, o jovem vai iniciar um curso no Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), “o maior em Portugal. Quero apostar na parte teórica e, depois quero continuar a aprender. Ainda há processos que quero apostar, vejo que o mercado de trabalho começa a pedi-los e quero manter-me sempre atualizado“.
Sonha, ainda, em ter “algo próprio com uma marcada associada” e, apesar das “propostas de trabalho que vão chegando” quer ver “o que o futuro reserva e continuar a aprender. Ainda tenho muito que crescer”, conclui.