ana e renata felgueiras
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A descoberta da bissexualidade começou “no início da adolescência”, numa fase de “curiosidade em relação à sexualidade”, mas foi, mais tarde, que Ana Pinto iniciou o processo de auto descobrimento. “Tinha quase 18 anos e foi, aí, que comecei a assumir a minha sexualidade”, recorda a jovem de 31 anos.

Perceber e entender a sexualidade foi uma “auto-descoberta” e como “a maior parte das pessoas”, a felgueirense tentou “encaixar-se no que chamamos de ‘normativo‘”. Mas a “sensação de estar num espaço fechado, onde o ar vai acabando a cada suspiro acabou por se tornar insustentável”. É nessa fase que, para Ana Pinto, deve existir uma “tomada de decisão de nos assumirmos”, para não “viver uma fachada a cada suspiro”. Uma decisão “difícil e complicada”, mas que conduz a um “alívio, principalmente, quando se tem o apoio das pessoas mais próximas a nós“, assume.

ana pinto e renata oliveira
Ana Pinto e a noiva Renata Oliveira

O processo de autoconhecimento difere “de pessoa para pessoa, da personalidade e, também, da capacidade emocional de cada cada um” e, na primeira pessoa, Ana Pinto confessa que “demorou, por ter tentado seguir o ‘normativo'”. Mas, “aos poucos, foi percebendo as diferenças e aceitando e abraçando as mesmas. São sempre processos complicados. Primeiro é um autoconhecimento que temos de fazer que mexe muito com sentimentos e emoções. É difícil descobrir quem somos ou como nos identificamos, quando vivemos num meio mais pequeno e muito estereotipado”.

E falando em meios mais pequenos, Ana Pinto recorda a fase da adolescência, em que a sexualidade era um “assunto tabu, não só no meio onde residia. Os obstáculos são diferentes, não posso dizer se é mais fácil ou difícil, depende sempre do núcleo familiar, do circulo de amigos e da personalidade de cada um. Mas certamente que é diferente fazê-lo num sítio onde não se vê representatividade como existe em grandes centros urbanos”.

É difícil descobrir quem somos ou como nos identificamos

Segue-se o tema ‘família’ e, no caso da felgueirense, o primeiro impacto foi “complicado, mas porque eu também ainda estava num processo interno de descoberta e não lhes dei abertura nem tempo“. Hoje, a família “apoia muito e está muito feliz com o noivado”. Depois do processo interno e com o apoio da família, “sempre foi muito bem aceite, apoiada” e sente que a “luta se tornou a nossa luta pelos direitos iguais”.

Esta sexta-feira, 17 de maio, celebra-se o Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia, que visa valorizar e promover a igualdade entre as pessoas, independentemente da orientação sexual. Ana Pinto reconhece que “já avançamos muito, no que diz respeito ao preconceito, mas ainda há muito mais a fazer”. Garante que é preciso “educar, ou seja, é uma questão de respeito pelo outro. Não podemos julgar, afastar alguém por algo que não está no controlo de ninguém. A sociedade tem de se tornar mais tolerante e respeitadora. Assusta vermos os direitos que conquistamos até agora, serem postos em causa e termos medo de ver a sociedade dar um ou mais passos atrás”.

A terminar a entrevista, a felgueirense assume que a luta se foca na “igualdade de direitos. Não queremos mais ou menos que ninguém, apenas o mesmo. A luta continua, daí ser necessário continuar a educar não só as gerações mais velhas, como as mais novas e tentar fazer com que todos percebam a realidade em que vivemos”.

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