amelia oliveira amarante
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Esta quarta-feira, dia 19 de outubro, assinala-se o Dia Mundial do Cancro da Mama. O Jornal A VERDADE foi conhecer a história de Amélia Oliveira, que vive em Amarante e está a passar pela segunda vez pelo processo de tratamento de um cancro.

O primeiro diagnóstico apareceu em 2009, como em tantos casos, camuflado sob a possibilidade de ser um “gânglio inchado”. Sentia uma espécie de “uma amora” na mama esquerda e foi ao médico, que, após uma mamografia, disse que “não devia ser nada de especial”.

Então, Amélia Oliveira deixou passar algum tempo, mas sempre com aquela sensação de um “nódulo”. Meses depois, resolveu fazer uma mamografia e uma ecografia no Porto e, mesmo sem ouvir a palavra ‘cancro’ da boca do médico, percebeu o que tinha. “Caiu-me tudo”, recorda, referindo ao médico que tinha “filhos pequenos”.

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“Ficamos parvos, não sentimos nada. Parece que batemos com a cabeça na parede. Senti-me diminuída”, afirma. Como já tinha sido, no ano anterior, dadora de medula óssea, já tinha o contacto do IPO e, então, tratou logo de agilizar o agendamento de uma consulta. Foi aí que teve a perceção da agressividade do cancro que tinha, “grau quatro”, e teve a opinião do médico de que deveria retirar a mama em questão.

Amélia Oliveira concordou que seria o melhor a fazer e tentou, de todas as formas, pedir para que fosse operada o mais depressa possível, pois “queria acelerar isto”. Depois de tanto insistir, dois dias depois, estava a ser operada, no privado.

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Teve de realizar seis sessões de quimioterapia e também de radioterapia, mas, durante todo este processo, a amarantina, que exerce a profissão de advogada, nunca deixou de trabalhar, apenas faltava no dia em que ia às sessões, pois “ficava sem forças”. Pelo meio, uma vez que era ano de eleições para a Assembleia da República, ainda participava na campanha política.

Admite que o processo era “complexo”, mas que aquilo que lhe fazia mais confusão era “o cabelo a cair, mais do que tirar a mama”. “Achava que ia ser complicado, não sabia como ia ficar careca. Estar careca não é mau, é consequência do tratamento. Porque a doença não dói nada, é silenciosa mesmo. Não dei conta de nada anormal no organismo”, conta, explicando que chegou a comprar uma peruca, mas nunca a usou, optando pelos gorros.

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O apoio da família e dos amigos e também de políticos e colegas de trabalho é algo que se recorda até hoje. No caso dos dois filhos, que na altura ainda eram crianças, não souberam logo do que se passava, mas começaram a questionar a ausência da mãe. No dia em que lhes contou, recorda que um dos rapazes lhe disse: “Queria lembrar-me de ti, da tua cara, fechava os olhos e não conseguia”.

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Na escola, um dos filhos escreveu uma carta a Jesus a dizer: “Querido Jesus, a minha mãe está muito doente, os tratamentos que faz são dolorosos. Não sei o que hei de fazer à minha mãe… Só queria pedir que descesses do Céu à Terra e curasses a minha mãe”.

Anos se passaram e Amélia Oliveira foi recuperando. Em 2011, realizou a cirurgia de reconstrução mamária e foi sendo acompanhada cada vez mais espaçadamente. No ano passado, realizou uma série de exames e foi descoberta uma mancha no baço, mas nenhuma notícia lhe foi dada.

Após ter tomado a primeira vacina contra a COVID-19, regressou ao ginásio e, passado algum tempo, começou a sentir no tórax uma parte “levantada um bocadinho”. Foi à osteopata e a um cirurgião cardiotorácico, que lhe disse que tinha uma massa que seria preciso retirar, mas Amélia Oliveira resolveu ter uma segunda opinião. E foi daí que percebeu, após mais exames e uma biópsia, que tinha um tumor maligno. “Caiu-me tudo. Desta vez só disse: Outra vez tudo de novo”, expressa.

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No entanto, agora, a amarantina está a realizar um tratamento “inovador”, através de comprimidos (hormonoterapia) que toma durante 21 dias, “sempre à mesma hora, para sete dias e faz exames”.

“Qualquer sinal que vejam, mesmo que digam que não é nada, se sentirem qualquer anomalia, se andarem com aquilo na cabeça, vão ao médico e procurem orientação. Vale a pena pedir dinheiro para ir a um médico privado e pedir uma segunda opinião”, aconselha.

Amélia Oliveira sublinha ainda que é importante “palpar o corpo, ter consciência do nosso corpo” e “não negligenciem qualquer sintoma que tenham”.

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