Natural do Brasil, Ronaldo lidera o projeto "Jiu-Jiitsu para todos" que está a mudar a vida das crianças no concelho de Amarante, nomeadamente, crianças com autismo.
A história do Ronaldo com o Jiu-Jitsu nasceu ainda no Brasil, quando o brasileiro passou a integrar um grupo que praticava a arte marcial e tinha como objetivo melhorar a vida comunitária numa zona marcada pela violência entre os jovens. Ronaldo percebeu o poder de transformação do Jiu-Jitsu, e a partir daí, passou a semear o desejo de liderar um projeto como o que integrava.
Ronaldo e a esposa vieram para Portugal à procura de uma melhor formação para os filhos e acabaram por trazer a arte do Jiu-Jitsu para o concelho de Amarante, iniciando um projeto que mudou a vida das crianças amarantinas. Para além disso, para surpresa do brasileiro, a arte não só transformou a vida daqueles que integravam o projeto, mas também transformou a própria, quando recebeu o "desafio", feito pela Câmara Municipal de Amarante, de iniciar aulas dedicadas à crianças com autismo.
Ronaldo decidiu "agarrar" o desafio e, desde então, dedica-se ao projeto "Jiu-Jitsu para todos" que integra no projeto crianças com autismo. O projeto recebeu no último ano o prémio "Bairro Feliz" do Pingo Doce, e este ano, concorre a mais uma vez ao prémio.

O projeto, que hoje em dia integra cerca de "70 a 75 alunos, sendo 14 alunos dentro do espectro autista" ganhou "muita visibilidade" desde que recebeu o Prémio "Bairro Feliz". O líder do projeto salienta que receber esta premiação "deu uma maior credibilidade naquilo que a gente estava fazendo." E, deste modo, as pessoas que somente "conheciam através das redes sociais", passaram a querer conhecer o projeto mais de perto.
O brasileiro refere que a receção do prémio foi "muito positiva", porque permitiu a compra de mais materiais de treino para além de permitir o aumento do espaço que decorriam as aulas, de 30 metros quadrados para 100 metros quadrados.
"Hoje, a gente tem uma acomodação mais confortável até para os pais. As condições de treino são muito melhores, enfim, mudou da água pro vinho, foi o pontapé inicial para recebermos mais crianças. E esse é o nosso intuito, dar uma maior comodidade para as crianças."
Ronaldo afirma que é "de suma importância, as pessoas enxergarem que a arte marcial não é só inserir golpes, a arte marcial envolve muitas outras coisas e, principalmente, acolher as pessoas". E acrescenta, "as pessoas dentro do espectro autista são um dos meus focos de trabalho".
O brasileiro reforça o compromisso em trabalhar para "dar mais qualidade de vida e bem-estar" para estas pessoas. No entanto, para isso é "importante a gente adquirir equipamentos para que seja possível trabalhar de forma lúdica, como já trabalhamos, porém com uma gama maior de equipamentos para que o nosso maior beneficiado seja o nosso aluno", por isso, luta para conquistar, mais uma vez, o prémio "Bairro Feliz".

Ao olhar para trás e perceber o desenvolvimento do projeto até o momento, o líder do "Jiu-Jitsu para todos" confessa que parece "estar a viver um sonho". Recorda, ainda, que tudo começou dentro de um salão de festa, no qual o dono cedeu o espaço para as aulas. No entanto, devido ao aumento da quantidade de festas a decorrer no local e inviabilidade de haver aulas nestes períodos, Ronaldo, que também integra os Bombeiros Voluntários de Amarante, decidiu conversar com o comandante dos bombeiros para tentar realizar as aulas no quartel, visto que, "não podia virar as costas para as crianças".
Com a permissão do comandante dos bombeiros, as aulas passaram a decorrer no quartel "e, hoje, graças ao Pingo Doce e aos pais também, que nos ajudaram, nos apoiaram, que apoiam até hoje, cada um fez uma coisa, cada um doou alguma coisa, a gente vem aí, com 100 metros quadrados de tatame e alguns equipamentos, mas a busca ainda é por equipamentos mais específicos, mais terapêuticos para os autistas, nisso que estamos focados agora".
Ao olhar para o futuro, o bombeiro confessa que o desejo é transformar o projeto numa "referência no âmbito de tratamento com autista com um centro integrado".
E conclui, "hoje somos uma associação, mas queremos ser um centro de referência".









Texto redigido com apoio de Matheus Santos, aluno estagiário da UTAD.
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