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Cátia Teixeira é natural de Amarante e começou a viver com o namorado. A certa altura, acreditavam que o amor que sentiam um pelo outro podia ser somado e dar vida a um novo membro na família. Contudo, o percurso até chegarem ao seu “Arco-Íris”, a Maria, teve vários obstáculos, então, surgiu a ideia de criar um projeto para abordar os temas da infertilidade e aborto.

“Somos dois. Mas queríamos aumentar a nossa família e ter mais um membro na nossa casa. Ter o amor das nossas vidas o nosso coração fora do nosso corpo”, afirma, referindo que, a partir daí, decidiram fazer análises gerais, que tiveram “resultados normais”.

Aos 24 anos, Cátia Teixeira deixou de tomar a pílula e deixou de ter a menstruação durante 27 meses. Depois de vários exames e medicação, a situação regularizou-se e tentaram engravidar, mas “sem sucesso”. “Não foi um período fácil”, comenta ao Jornal A VERDADE.

Fizeram alguns tratamentos, no público, mas mais no privado, uma vez que tinha “bastantes quistos nos ovários”, mas a dificuldade mantinha-se. Contudo, “à terceira foi de vez”. O teste positivo chegou a 22 de janeiro de 2020. “Que dia em grande! Que alegria”, recorda, explicando que era “uma gravidez de alto risco”.

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No entanto, cerca de um mês depois, quando foi a uma das consultas de rotina, descobriu que o “bebé não tinha batimentos”, mas acrescenta que a maneira como a médica lhe disse caiu “muito mal”: “Qual bebé qual quê?! Isso nem um feto era quanto mais um bebé”.

“O meu mundo desabou. Eu não sabia o que pensar, o que fazer, o porquê de me acontecer? Mas, sim, infelizmente, existe uma percentagem muito elevada destes acontecimentos. Depois, veio o início desta pandemia, conhecida por COVID-19. Tudo deu uma volta de 360°, consultas anuladas, outras adiadas, tratamentos também”, acrescentou.

Cátia Teixeira e o companheiro não perderam a esperança e o foco no seu sonho e continuaram a tentar até que, aproximadamente meio ano depois, veio um novo positivo.

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Foi um misto de emoções. Foi uma alegria e foi, ao mesmo tempo, um medo, aquela sensação de «E se volta acontecer e se é igual?». E, lá está, eu acho que isto, esta parte da ansiedade, eu bloqueava nas consultas. Acho que esta parte teve muito a ver com o facto de o aborto não ter sido trabalhado, porque, embora tentasse digerir as coisas e pensar de maneira positiva, há sempre aquele medo que nos assombra e que é maior do que aquilo que nós pensamos.

“Enquanto não a tive nos meus braços foi logo um stresse”, lembra, indicando que a Maria nasceu em fevereiro de 2021. “A Maria é tudo para nós, sem sombra de dúvidas. É uma bebé muito calma, agora está naquela fase de andar, de destruir tudo, mas faz parte. É muito simpática, é uma bebé divertida, gosta muito de mimos, de carinho, é uma princesa”, explicou, sublinhando que sempre contaram com o apoio da família e dos amigos, que “são todos loucos pela Maria”.

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Depois de todo este processo, Cátia Teixeira “sentia necessidade de desabafar e de ouvir opiniões de outras pessoas e saber histórias de outras pessoas que passam por estas situações, pelo aborto e pela situação da infertilidade”, então, criou um projeto, o Superar e Amar, que consiste numa página nas redes sociais. Lá, partilha a sua história e recebe “muitas mensagens de pessoas que passam pelo mesmo e que gostavam de conversar e queriam opiniões”.

“Muitas pessoas desabafam comigo e não me conhecendo fisicamente até se sentem mais à vontade para falar do que com uma pessoa que conheçam e eu acho que elas deviam ter apoio, porque faz falta. Porque eu precisei e sentia falta disso e, na altura, até procuramos um médico privado, um psiquiatra, e fui seguida por ele, porque tudo isto mexe connosco e isso reflete-se no futuro”, constatou, sublinhando que as pessoas “não querem que as suas histórias sejam divulgadas, mesmo no anonimato, por causa do julgamento, do tabu, de as pessoas saberem que passam por isto”.

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Cátia Teixeira defende que “devia haver mais divulgação, mais apoios” de forma a “desmistificar mesmo o tema para deixar de ser um tabu, para as pessoas se sentirem à vontade, para ver que existem tratamentos”.

No futuro, gostava, “acima de tudo, de conseguir chegar a muitas dessas pessoas que passam sobre isto e que vejam que, lá no fundo, embora custe e seja um processo longo, existe sempre uma luz ao fundo do túnel, existe sempre uma hipótese, embora seja dolorosa, ou não, umas com mais e menos trabalho, umas com mais e com menos tratamentos, independentemente disso, que pensem que têm sempre um apoio e que existe sempre uma oportunidade para cada um”.

O que eu digo sempre para nunca desistirem, para tentar sempre, independentemente de tudo. Eu sei que a nível particular fica muito caro, é verdade, mas, se tiver de fazer um empréstimo para ter uma casa ou ter um filho, eu queria mais depressa para ter um filho, sem sombra de dúvidas. Claro que depois cada um tem os seus planos de vida, os seus projetos e tem que ver a sua vida financeira, mas nunca desistam e, principalmente quando é um sonho e quando querem muito, acho que devem lutar pelo sonho até conseguir.