Foi assinado esta terça-feira, dia 21 de junho, no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante o protocolo de parceria entre 15 instituições que unem esforços na construção do programa comemorativo do centenário do nascimento de Agustina Bessa-Luís, que se assinala a 15 de outubro.
Ao longo de um ano, a partir de 15 de outubro de 2022, o programa das comemorações do Centenário de Agustina Bessa-Luís vai ter exposições, colóquios, trabalhos com escolas e trabalho científico.
A Câmara Municipal de Amarante lidera o consórcio composto pelos municípios de Baião, Esposende, Peso da Régua, Porto, Póvoa de Varzim e Vila do Conde, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e as universidades do Porto e do Minho, a Fundação de Serralves, a RTP, a Direção Regional de Cultura do Norte e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
“Coube em Agustina Bessa-Luís uma obra literária de grande dimensão e genialidade, com enorme importância para a literatura portuguesa. Agustina é, de facto, um dos mais proeminentes nomes da escrita no nosso tempo. E Amarante é uma terra muito grata a todas as suas personalidades. Temos, realmente, a felicidade de concentrar num pequeno território, de geografia acidentada entre o Douro e o Minho, figuras maiores no panorama nacional, de entre os quais Agustina Bessa-Luís é um dos mais destacados exemplos”, afirmou o presidente da autarquia de Amarante, José Luís Gaspar, citado num comunicado do município.
O autarca referiu ainda que “este é um protocolo inédito, tão inédito quanto a obra de Agustina, que estabelece a vontade que temos para fazer justiça à sua obra e de, em parceria, aumentar a escala e o efeito reprodutor das iniciativas em sua homenagem, ampliando a atenção ao seu nome, ao seu exemplo, como fonte de inspiração, como elemento fundamental na nossa formação e da nossa cultura”.
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, realçou o “longo e extraordinário percurso literário onde Agustina se assumiu como uma das grandes romancistas e mestre de um dos mais originais processos criativos da ficção portuguesa”. “Com a sua obra, marcou de forma decisiva a literatura portuguesa da segunda metade do século XX”, acrescentou, congratulando o município de Amarante “por liderar este processo, cidade mãe de tantos nomes ilustres da cultura portuguesa”.
Na qualidade de comissário do município de Amarante para as Comemorações do Centenário de Agustina Bessa-Luís, Paulo Rangel afirmou que “o mistério e o génio de Agustina não estão apenas nas suas páginas, estavam sim na presença, nas palavras, no gesto e no seu olhar”. “A Agustina que falava era a Agustina que escrevia. Um par de horas com ela era um romance, uma espécie de audiolivro – como hoje se diria –, cheio de personagens, repletos de vícios, virtudes e demais instintos que não são nem vícios nem virtudes”, completou.
A representar a terra natal da escritora, Paulo Rangel defende que “Amarante, orgulhoso dos seus que são muitos, deve reclamar para si alguma primazia neste circuito”, embora lembre: “Celebrar os 100 anos de Agustina não é apenas celebrar as suas letras, é celebrar as suas terras porque em Agustina as terras são letras”. “Na escrita de Agustina há um desígnio, uma aspiração, uma ambição bíblica. Muitos livros, muitas histórias, muitos saberes, todo o sentido. Essa bíblia ou essas bíblias de Agustina não são tratados de filosofia, ensaios de política, dicionários de religião, cursos de psicanálise, guias turísticos, livros de auto-ajuda, enciclopédias do amor ou, simplesmente, recensões do kamasutra. São tudo isso, na medida justa, e mais do que isso, em dose proporcionada. São deslumbrantes manuais de geografia. De geografia humana”, referiu ainda.
A cerimónia contou com a presença do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva; do presidente da câmara de Amarante, José Luís Gaspar; do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, António Cunha; da presidente do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, Mónica Baldaque; do comissário geral da Comemorações do Centenário de Agustina Bessa-Luís, Fontainhas Fernandes; e do domissário do município de Amarante para as Comemorações do Centenário de Agustina Bessa-Luís, Paulo Rangel.
Agustina Bessa-Luís é natural de Vila Meã, Amarante, e autora de “uma obra literária de valor ímpar na Língua e Cultura portuguesas. Nasceu no dia 15 de outubro de 1922 e residiu no Porto e em outros concelhos da região Norte, em diferentes momentos da sua vida, aos quais a ligam vínculos biográficos, familiares, afetivos e literários.