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São poucos os quilómetros que separam a cidade romena Suceava e a fronteira da Ucrânia, os mesmos quilómetros que separam seis alunos da Escola Dr. Mário Fonseca, de Lousada, do conflito vivido na Ucrânia.

Seis alunos acompanhados por duas professoras partiram, no dia 6 de março, rumo à cidade de Suceava, na Roménia (uma das rotas dos refugiados que fogem da Ucrânia), ao abrigo de um projeto de mobilidade europeu de interação com escolas de outros países, o programa Erasmus +, como nos explica um dos coordenadores do projeto, Paulo Costa.

“My grandma´s Toys” (Os brinquedos da minha avó) é o nome do projeto que se foca em jogos antigos, “numa perspetiva de aquisição de novos conhecimentos e intercâmbio cultural”.

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Depois de Alicante (Espanha) e Sicília (Itália) seguiu-se a Roménia, um destino já programado antes do inesperado conflito e embora seja uma cidade perto da fronteira, “o ambiente tem estado perfeitamente tranquilo e os alunos têm-se divertido imenso”, garante o coordenador.

Do lado de lá, quem vive na fronteira com o conflito, revela uma experiência “para recordar”. Nancy Barreto, uma das professoras que acompanhou os alunos, partilha um projeto “que não é de guerra, mas sim de paz e de afetos” para os alunos que conhecem novas culturas e “quebram preconceitos”.

Apesar de serem poucos os quilómetros que separam este grupo da Ucrânia e de se encontrarem numa das rotas dos refugiados, “todos se sentem muito seguros e tranquilos” e tudo corre dentro da “normalidade como estava planeado”, assegura a professora.

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Nos cinco dias do projeto, os alunos tiveram oportunidade de assistir a diferentes atividades, como workshops sobre bonecas de trapos e de pulseiras, visitas a museus, “um intercâmbio com uma forte vertente cultural”.

Antes da partida para a Roménia o conflito na Ucrânia já se tinha iniciado. Com a viagem já programada desde setembro de 2021, o grupo viveu “semanas de ansiedade”. Seguiram-se reuniões com a direção e a equipa do projeto, pedidos de informação ao Governo, conversações com professores do país de destino. Sem qualquer comunicado contra e com uma garantia de segurança, o grupo decidiu avançar com a viagem. “Ponderamos muito, decidimos vir e não estamos arrependidos”, salienta Nancy Barreto.

Tanto as professoras como os alunos partilham com o Jornal A VERDADE um ambiente “seguro e de tranquilidade”. “Temos andado na rua e a realidade é que não temos visto nada de anormal. Vemos uns carros com a bandeira da Ucrânia, mas não há nada nas ruas que impressione, nada que transmita a ideia de que há um cenário de guerra aqui perto”. 

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A viver uma “normalidade” na fronteira com a guerra, uma das alunas do programa, Joana Almeida, de 14 anos, garante que “o receio está presente, porque a guerra acontece ao lado, mas existe segurança”. Uma opinião partilhada pelo colega Luís Andrade, de 14 anos, que apesar do “medo sentido antes da viagem”, garante que “não sente que haja guerra ao lado”. Ambos estão a gostar da experiência que os está a ajudar a ter “mais maturidade” refere Joana Almeida, que deixa uma mensagem de esperança às crianças que vivem o conflito e “que algum dia vai acabar”. Por outro lado, apesar de não conhecer a cultura romena, Luís Andrade está a “adorar conhecer outras pessoas e novas culturas”.

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A professora Nancy Barreto garante que os alunos “não têm medo algum” e têm convivido com as crianças romenas, que têm sido “simpáticas, humildes e carinhosas”. Uma tranquilidade que a professora salienta ser importante transmitir aos alunos e que “se vive na rua. A vida aqui é normal”.

Relembrando todos aqueles que vivem o conflito na primeira pessoa, em todas as atividades “fazem um minuto de silêncio” e na escola, onde estão a ser realizadas as atividades, está acontecer uma recolha de bens, como alimentos e roupa.

Os seis alunos do 8º e 9º ano e as duas professoras regressam sexta-feira, dia 11 de março, a Portugal..