Alberto Santos, natural de Penafiel, lançou a sua mais recente obra, "A Senhora das Índias", no dia 1 de junho, no Museu Municipal de Penafiel. O autor desvendou, em entrevista ao Jornal A VERDADE, de onde surgiu a inspiração para o livro, mas também como surgiu o gosto por romances, sobretudo, históricos.
"A Senhora das Índias" é uma história contada na primeira pessoa, pela personagem principal – Juliana -, que relata "o fascinante curso da sua vida. E todo o processo de transformação pessoal e interior que foi sofrendo, com os seus sucessos e insucessos, até se transformar na mulher mais poderosa da Índia. Entre vários ensinamentos, talvez emerja a capacidade de empoderamento e força interior de uma mulher num ambiente adverso. E também a sua inspiração para a ideia de que nem sempre os impossíveis ou improváveis o são verdadeiramente".



Quando questionado sobre o momento em que a ideia surgiu, Alberto Santos confessa que o "clique" deu-se durante uma leitura de uma breve passagem de um encontro entre um embaixador holandês e uma senhora portuguesa, em 1712, escrita pelo primeiro. O "choque e surpresa" do embaixador por ter sido recebido por uma mulher portuguesa foram partilhados por Alberto Santos que se envolveu numa pesquisa profunda até tornar-se "claro" de que precisava de escrever "a extraordinária história de Juliana Dias da Costa".
Como a grande parte dos escritores, a escrita advém do gosto pela leitura, aliás, Alberto Santos é defensor de que "ninguém pode ser um bom escritor se não ler muito". Foi assim que, ao longo dos anos, foi lendo vários romances, particularmente romances históricos, que o levaram a adquiri experiência e a escrever, entre 2006 e 2008, "A Escrava da Córdova".

À semelhança de outras obras, a mulher tem sempre um "lugar preponderante" nos livros de Alberto Santos, onde vai assumindo "papéis de heroínas ou de inspiradoras protagonistas", como é o caso d'A Senhora das Índias. Neste livro, a protagonista, Juliana Dias da Costa, herda "as capacidades e poderes de sua mãe, adquire os ensinamentos dos jesuítas e, como inteligente e sagaz que é, transforma as dificuldades em oportunidades. O arco da sua vida, tal como aconteceu na realidade, evidencia que foi uma mulher à frente do seu tempo e que viveu muitas vidas numa vida só", conta Alberto Santos.

O escritor da obra aproveita também para desvendar aos leitores do Jornal A VERDADE aquilo que considera ser "o mais surpreendente" nesta história. Para si, a curiosidade que paira é "como é que uma mulher, portuguesa, cristã, que nunca renegou a sua fé, foi protagonista de uma fulgurante ascensão política e social na Índia, entre os séculos XVII e XVIII, transformando-se na mulher mais poderosa do império mogol, mesmo na corte de um imperador conhecido pela sua crueldade e pela ortodoxia religiosa. Uma mulher que esteve ao serviço de seis imperadores, que falava várias línguas locais e europeias, lia, escrevia, tinha conhecimentos médicos e diplomáticos acima da média, era aceite e respeitada pela família real local, e veio a ser agraciada pelos imperadores do Indostão e pelo rei português. Tudo isto, e o que mais a história conta, julgo que é motivo suficiente para se querer descobrir a maravilhosa jornada de Juliana Dias das Costa, no tempo e territórios que lhe foram concedidos viver".
Para quem ainda não leu "A Senhora das Índias", o escritor penafidelense promete uma "leitura simples, escorreita e vertiginosa".

https://averdade.com/livro-de-alberto-santos-sera-apresentado-este-sabado-no-museu-municipal-de-penafiel