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Conheça a história de Maria da Glória e Fernando Correia, que fazem da agricultura o seu dia a dia.

“Se a terra souberes cultivar, fome nunca hás de passar”. Esta era a mensagem que a mãe de Maria da Glória Correia, natural de Vila Boa de Quires e Maureles, no concelho de Marco de Canaveses, lhe dizia quando era altura de cultivar a terra. Há vários dias que não chove na região e o segredo para o sucesso das colheitas está, muitas vezes, no tempo. Se chove, não se pode cultivar certas coisas, mas, se a previsão é de pouca precipitação, também há alimentos que não podem ser plantados.

Maria da Glória, de 74 anos, e o marido, Fernando Correia, com 75, fazem da agricultura o seu dia a dia. Quando a marcoense se levanta da cama, ainda há gelo por todo o lado, mas a preocupação de alimentar os seus animais fala mais alto. Por volta das 6h00 da manhã, inicia o seu dia com um pequeno-almoço, um café aquecido à lareira, para lhe dar energia para enfrentar o frio que se faz cá fora.

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Os animais são os primeiros a ser alimentados e, logo de seguida, a atenção volta-se rapidamente para as tronchudas ou para o que houver necessidade de ser tratado na terra.

“Dedico-me à agricultura desde muito nova. Os meus pais também tinham campos e, durante toda a minha vida, aprendi o que era cultivar a terra”, recordou. Há 52 anos que o casal cuida dos terrenos que abastecem o celeiro de frutas e legumes para todo o ano. “Com a ajuda dos nossos 12 filhos, que, depois de crescerem, foram imprescindíveis. Eles, tal como eu, cresceram a aprender o que era a vida no campo, aprenderam a ser agricultores. Na nossa quinta, costumamos plantar milho, feijão, centeio, aveia, batata, tomates, alfaces, favas, ervilhas, cebolas, verduras, entre outros. Também cultivamos as vinhas. Cada alimento tem uma altura específica para ser cultivado”, afirmou. A melhor herança que lhes quer deixar é saber cultivar a terra, pois, assim, garante-lhes comida em cima da mesa.

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De acordo com Maria da Glória, a falta de chuva “faz com que não haja água para se fazer as regas”, acrescentando que, “nesta altura de fevereiro e março, o que cultivamos são as batatas, as cebolas, as ervilhas… e é preciso muita água”.

Contudo, a falta de chuva “prejudica, principalmente, o crescimento dos frutos, a sementeira da batata, que já foi plantada (o chamado arejo), e das ervas para os animais. O milho também é muito prejudicado, pois costumamos aproveitar a água das chuvas para fazer as regas; este sem a água não dá fruto”.

Cerca de duas vezes por semana, Maria da Glória coze broa de milho. Sem uma boa colheita deste cereal, fica sem matéria-prima para ‘pôr o pão na mesa’, uma vez que vende para fora, dá para a sua família e alimenta os seus animais.

“Antigamente, era muito frequente usarmos os provérbios que eram relativos aos meses do ano e as plantações que se fazem por estas alturas, lembro-me de um que se ouvia bastante que era ‘quem quiser um bom alhal pelo Natal bicos de pardal’”, lembrou.

Este ano, deverá ser “mais seco”, apesar de Maria da Glória admitir que o “tempo pode ainda mudar”. Por enquanto, refere que se fala “em pouca chuva”, o que pode levar a uma crise. “Se continuar este tempo seco acho que sim, que vai prejudicar bastante a agricultura na quantidade do alimento. Vai crescer menos, se houver crise e pouca quantidade de produtos, haverá aumento nos preços, como aconteceu no ano passado”, lamentou.

Apesar desta situação, o casal de agricultores vai continuar a trabalhar para que nada falte na sua horta.