logo-a-verdade.svg
Notícias
Leitura: 0 min

Agostinho Ribeiro despediu-se da carreira na GNR. Filho continua legado do pai

Redação

A 23 de março de 1992 Agostinho Ribeiro dava início a uma carreira numa "instituição que é do melhor que pode haver". Na GNR "não conhecia ninguém". O pai era revisor nos comboios e queria "que fosse para a mesma profissão", mas o lousadense seguiu outro caminho. "Tinha andado na tropa, estive dois anos nos paraquedistas e até gostava da farda, então concorri para vários lados. Consegui entrar na GNR e bem dita a hora que aproveitei a oportunidade", recorda.

Estava perto de fazer 23 anos e foi à descoberta. Foi "tudo novo e naquele tempo a imagem que tínhamos da GNR não é aquela que temos hoje. Só pensava 'onde me vou meter?'. Eram colegas mais velhos".

Início de carreira, 1992

Depois de 33 anos de carreira, a profissão já o levou a vários lugares. Albufeira, Lisboa, Mortosa, Oliveira de Azeméis, Lourosa, Carvalhos e Paços de Ferreira. Foi neste último posto, na secretaria, onde permaneceu mais tempo, 25 anos e dois meses e, por isso, há "muitas" histórias para contar e relembrar.

Passados tantos anos e a despedir-se da profissão, Agostinho Ribeiro garante que gostou de ser GNR "sem dúvida alguma. Só quem está dentro é que sabe o quanto isto é bom. Se bem que nós, mais antigos, temos uma perspetiva diferente dos mais novos, como o meu filho. Ele terminou o liceu com 18 anos e foi para Portalegre, não passou pela tropa. Mas nós, mais velhos, já tínhamos trabalhado e andámos na tropa".

Só quem está dentro é que sabe o quanto isto é bom

Para o lousadense, ao longo deste anos, a GNR "modernizou muito, em tudo. Era quase tudo feito manualmente, agora é tudo informatizado e do melhor que há. E mesmo na parte humana. Tínhamos uma folga por semana e agora são duas, trabalhamos por turnos. Quando eu entrei fazia 24 horas de serviço, saia às 09h00 e, depois, ainda fazia mais quatro horas de patrulha. Agora é impensável fazer isso".

Apesar das mudanças, Agostinho Ribeiro entende as manifestações dos "mais novos", porque "os ordenados são relativamente baixos", mas como já lhe dizia o falecido pai "uma pessoa tem de viver em função daquilo que ganha e nunca dar passadas maiores que as pernas. Sempre me ensinou ser sério e honesto".

Fim de carreira, 2024

Os tempos "mudaram" e no que diz respeito à "segurança" das autoridades, o agora ex-GNR não tem dúvidas de que "se passou do 80 para o 8, são extremos. Agora vêm-se coisas que é impensável, mas é fruto da nossa sociedade e transversal a todas as áreas. Há os bons profissionais e os menos bons".

No dia 31 de dezembro chegou ao fim uma carreira de 33 anos na GNR e Agostinho Ribeiro diz sentir "orgulho" no percurso que fez. "Sempre conheceram o Cabo Ribeiro pela honestidade, pelo profissionalismo e por tudo aquilo que fez ao longo destes anos".

Ele sempre me disse que não queria continuar a estudar

O lousadense considera-se uma pessoa "humilde" e, enquanto Cabo Ribeiro era "descontraído. Nunca fui de extremos. Sempre me dei bem com toda a gente, tenho amigos que levo para a vida".

O lousadense sente-se "orgulhoso" por ter representado a instituição que o levou a distanciar-se um pouco da família. Um ano depois de ingressar na GNR casou e depressa se 'separou' da esposa. Ela em Lousada, em casa dos pais, e ele em Lisboa. Para "não fugir à terra" comprou um terreno para se "obrigar" a voltar. "Eu vinha a casa uma vez por semana ou de 15 em 15 dias. Fui conciliando da melhor maneira possível".

Nos últimos tempos como GNR, Agostinho Ribeiro teve ao seu lado o filho Jorge Miguel que, aos 18 anos, seguiu as pisadas do pai. "Ele sempre me disse que não queria continuar a estudar. Em 2014, terminou o 12.º ano e, em julho, surgiu a oportunidade. Abriu o concurso e ele entrou, era o mais novo", recorda o pai, que se mostra "orgulhoso" pelo trajeto do filho agora com 28 anos. "Gostava que ele fizesse uma carreira como eu, mas sei que os tempos são diferentes e as mentalidades são outras".

Já mãe "não gostou muito" de ver o marido entrar na profissão, mas "foi-se adaptando e é hoje o dia que ela se sente orgulhosa de ter o marido e o filho também", diz o lousadense.

Encerrar um ciclo de 33 anos "é estranho", mas Agostinho só pede "a Deus que tenha saúde para andar cá e ter qualidade de vida".