hoquei lousada
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Fiel à sua história, a Associação Desportiva Lousada Hockey é, hoje, “o melhor que existe em hóquei em campo a nível nacional”.

A 4 de junho de 1967 realizou-se o primeiro desafio da equipa de hóquei de Lousada, e até hoje somam-se vitórias que colocam a equipa “no melhor que existe em hóquei em campo a nível nacional”. José Tavares Oliveira, atual presidente do clube, integrou a primeira equipa de juniores, em 1975, e chegou a jogar nas “velhas guardas dos veteranos, durante cerca de 6 anos”. Depois de 14 anos afastado da modalidade, em 2021, “a pedido de muitos atletas e outros diretores”, foi convidado a assumir a direção, cargo que decidiu aceitar porque “estava  na altura de contribuir para que a modalidade, em Lousada, não acabe”.

No regresso à modalidade, José Tavares Oliveira considera que o hóquei “evoluiu muito tecnicamente, mas também regrediu”, tendo em conta a diminuição do número de clubes em Portugal. Uma das grandes diferenças que encontrou, uma vez que de cerca de 20 clubes existentes na altura em que começou, divididos pela zona norte e sul, contabilizam-se hoje seis a nível nacional. Justificando este decréscimo na modalidade, o presidente aponta para a dificuldade em cativar os mais jovens. “Chegamos a ter mais do que uma equipa nos vários escalões, desde as escolas até aos veteranos, mas foram-se perdendo porque houve algum desinteresse na aquisição de jovens jogadores”.

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José Tavares Oliveira, presidente da Associação Desportiva Lousada Hockey

Embora o hóquei em campo esteja enraizado em Lousada desde os anos 60, nos mais jovens não e para José Tavares Oliveira é fundamental ser a modalidade a transmitir esse espírito hoquista aos mais novos. “Mais atletas virão ao longo do tempo. Temos de evoluir e levar os miúdos a praticar, de forma a que aos 15 anos sejam atletas de excelência”.

No escalão sub-12 estão presentes 35 crianças, na faixa etária dos 12 aos 18 anos há apenas um, no escalão sub-18 são nove, permitindo jogar na versão de indoor do hóquei em campo, e nos seniores, com 18 anos ou mais, são 32 atletas.

Competições europeias

Para além da falta de atletas, a modalidade “sofre” com a falta de recursos financeiros disponíveis, a principal lacuna que o atual presidente encontrou quando abraçou a direção. “As deslocações são difíceis de suportar. A Câmara Municipal de Lousada comparticipa o alojamento e a alimentação, mas é muito complicado”. Na versão hóquei indoor a associação desportiva jogou com duas equipas (A e B) no Torneio do Campeonato Nacional de Indoor, na categoria seniores masculino, e sentiu essas mesmas dificuldades. “Os espetadores são os familiares, não há receitas. Vivemos à custa de protocolos com empresas e o subsídio da câmara municipal. É com isso que mantemos a época desportiva”.

Ao nível das competições europeias a Associação Desportiva Lousada Hockey tem participado todos os anos, inclusive este ano foi campeã nacional na variante de campo. Uma conquista que vai levar a equipa a Paris, de 15 a 18 de abril, para disputar  a Taça dos Campeões Europeus. “Claro que aí precisamos de muita ajuda para fazer face às despesas. Contamos com o apoio, muito bom, do município, mas a deslocação implica uma despesa de mais de 20 mil euros”.

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O futuro do hóquei

A Associação Desportiva Lousada Hockey é “sempre candidata em qualquer prova que entra e conta com um grande treinador”, a quem José Tavares Oliveira deixa rasgados elogios. “É um ex-atleta que começou a praticar com cerca de sete anos. Esteve dez anos na direção técnica da Federação Portuguesa de Hóquei”. Com a chegada de Hugo Santos, na presente época, o presidente reconhece que a situação está a evoluir favoravelmente. “O ano passado ganhamos a Taça de Portugal, a Supertaça e o Campeonato Nacional, tudo na vertente de campo”, uma fasquia que pretende manter. Os objetivos, neste momento, são investir na formação dos mais jovens e ganhar títulos em todos os escalões.

José Tavares Oliveira lamenta o número reduzido de equipas na modalidade em Portugal, convidando todos aqueles que pretendam iniciar a prática na modalidade. “Estamos sempre presentes e prontos a receber, porque quanto mais formos melhor para a modalidade não acabar”. Finaliza dizendo que o hóquei é uma modalidade aberta a todos e não tem dúvidas de que “não vai morrer de certeza. Estou plenamente convencido de que se o hóquei acaba em Lousada acaba, acaba a nível nacional”.

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Hugo Santos: “Um futuro a criar campeões”

A maior disponibilidade e a paixão foram decisivas para Hugo Santos voltar ao clube que o viu crescer enquanto homem e atleta. Depois de seis anos afastado fisicamente da Associação Desportiva Lousada Hockey, voltou recentemente num papel diferente, agora como treinador da equipa sénior do hóquei. Um convite que aceitou “com todo o gosto”,  porque “sentiu que podia ser útil ao clube”.

Hugo Santos iniciou o seu percurso na modalidade com oito anos e foram quase 30 de “muitos títulos”. Agora enfrenta um desafio diferente mas que “tem corrido bem desde o início”, com a conquista da Supertaça e do Campeonato Nacional de Hóquei Indoor. No retorno enquanto treinador encontrou várias diferenças e dificuldades, financeiras mas também ao nível dos atletas. “Há cerca de 20 anos tínhamos muitos atletas em Lousada, era quase moda jogar hóquei”, conta o treinador, mas uma realidade que se foi desvanecendo com o desaparecimento de jovens e de patrocínios.

De forma a contrariar a tendência que se tem vindo a assistir, Hugo Santos partilha com o Jornal A VERDADE, o novo projeto criado com mais quatro colaboradores – Academias de Hóquei – uma atividade realizada junto das escolas com o objetivo de cativar os mais pequenos. A captação começou em outubro de 2021 e, neste momento, são cerca de 50 crianças. “É muito bom para o que tínhamos. Estamos a reerguer das cinzas e penso que vai correr bem”, confessa. Em cada escola (Escola da Boavista, Escola de Cristelos, Escola de Boim)  foi criada uma academia e “já estão a ser realizados torneios entre elas, de forma a despertar o espírito de competição nos miúdos e dar a conhecer a modalidade”.

O treinador reconhece que a cultura desportiva, numa perspetiva geral, é “muito reduzida” e para o hóquei é difícil atingir uma boa visibilidade. “O público conhece o futebol e depois o basquetebol, hóquei em patins e o andebol porque as grandes equipas têm estas modalidades, mas nós não temos e é difícil igualar a visibilidade”. O palmarés do hóquei de Lousada conta com vários títulos europeus e participação em competições europeias quase todos os anos, para além dos vários atletas que representam a seleção nacional, mas mesmo assim Hugo Santos confessa que é difícil cativar os patrocinadores. “As pessoas têm de mudar o chip para apoiar mais as modalidades, e neste caso o hóquei”, salienta o treinador.

Em abril, a equipa de hóquei de Lousada desloca-se a Paris, não sendo apenas uma competição, mas também uma forma de “dar a conhecer a equipa e representar o melhor possível o hóquei português”. A permanência nos comandos da equipa é uma certeza para Hugo Santos, que pretende, sobretudo, “continuar a cativar mais pessoas”. O futuro é certo para Hugo Santos: “voltar a criar campeões, apostar nas camadas mais jovens e na formação de crianças para continuar a vencer”.