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Abertura de sala de contingência reforça resposta da ULS Tâmega e Sousa durante pico da gripe

Redação

A Unidade Local de Saúde (ULS) do Tâmega e Sousa inaugurou uma sala de contingência com capacidade para 28 camas para reforçar a resposta ao aumento da procura por internamento durante o pico da gripe.

Nelson Pereira, diretor clínico dos cuidados hospitalares, destacou o impacto do agravamento da epidemia, que tem afetado sobretudo a população idosa. "Estamos a assistir a um aumento significativo dos casos de gripe, com uma média diária de 90 doentes com pulseira laranja, um crescimento face aos 50 registados habitualmente. Além disso, a taxa de internamento subiu de 8% para 13,7%, o que coloca enorme pressão sobre os serviços," explicou Nelson Pereira.

Taxa de ocupação ultrapassa os 200%

O hospital enfrenta atualmente uma taxa de ocupação de 210% no serviço de medicina interna, com 274 doentes internados nas duas unidades hospitalares da ULS. Este número inclui 75 doentes agudos internados fora das instalações hospitalares, além de mais de 100 doentes crónicos em espera de resolução de questões sociais, como vagas em lares ou unidades de cuidados continuados. "Este espaço, antes utilizado como arquivo clínico, foi adaptado e climatizado para receber doentes, integrando o plano de contingência previsto para o inverno. Já temos 18 camas ocupadas e ao longo da semana esperamos atingir a capacidade total de 28. Esta é uma medida temporária para lidar com o período de pico," acrescentou o diretor clínico.

Nelson Pereira aproveitou ainda para elogiar o esforço conjunto das equipas médicas e a colaboração de especialidades como infecciologia e pneumologia, que têm auxiliado na gestão da elevada procura. Destacou ainda o papel dos parceiros sociais e privados que acolhem quase 200 doentes. "Estamos a viver uma situação excecional que requer medidas extraordinárias. O esforço das equipas, que operam sob pressão, tem sido notável. Felizmente, a cobertura vacinal entre os maiores de 60 anos atinge 70%, o que reduz o impacto da gripe, mas ainda temos 150 mil pessoas sem vacinação na nossa área de influência," reforçou.

Futuro passa por aumento de capacidade

A ULS tem prevista a construção de 200 novas camas de internamento, com um investimento de 7,5 milhões de euros já aprovado no âmbito dos fundos europeus. Segundo Nelson Pereira, "este projeto será essencial para aliviar a pressão nos períodos de pico e garantir uma resposta mais robusta a médio prazo. Até lá, continuaremos a recorrer a medidas de mitigação e planeamento, como a criação desta sala de contingência."

Por sua vez, Carla Freitas, diretora do serviço de urgência, sublinha que, apesar de as equipas estarem completas e a resposta às solicitações estar dentro dos tempos médios padronizados, o maior entrave reside na falta de capacidade hoteleira para internamento.

"Hoje, ao longo do dia, tivemos entre 50 a 60 doentes internados no espaço físico das urgências. Este número reflete uma subida em relação ao mesmo período do ano passado, com mais 77 internamentos nos primeiros cinco dias de 2025", revelou Carla Freitas. Segundo a diretora, 61% dos doentes internados têm mais de 65 anos, coincidindo com um aumento de casos mais graves.

Impacto do projeto 'Ligue Antes, Salve Vidas'

O projeto 'Ligue Antes, Salve Vidas', que incentiva o contacto prévio com a linha SNS 24, revelou-se fundamental na gestão da procura pelos serviços de urgência. "Cerca de 50% dos doentes que recorrem à nossa urgência contactam antes a linha. Sem este projeto, estaríamos certamente com mais dificuldades", destacou Carla Freitas.

Intoxicações por monóxido de carbono preocupam

A diretora das urgências apontou ainda um aumento de intoxicações por monóxido de carbono, algumas em estado grave, atribuído à utilização de lareiras como meio de aquecimento. "Empiricamente, percebemos que há mais casos e mais graves este ano. A gravidade das situações obrigou à transferência de um doente para tratamento na Câmara Hiperbárica do Hospital Pedro Hispano", deu como exemplo.

Influenza B em alta prevalência

Entre os vírus respiratórios, a Influenza B tem dominado a atual temporada de infeções. "No início predominava o vírus sincicial respiratório, mas foi largamente ultrapassado pela Influenza B nas últimas semanas", explicou.