Esta prática ocorre no Dia de Todos os Santos, em que as crianças saem em grupos, de porta em porta, recitando versos e pedindo alimentos como pão, bolos, frutas secas e guloseimas. Em troca, recebem pequenas oferendas que guardam em sacos decorados, muitas vezes preparados especialmente para a ocasião.
A origem deste costume é ligada tanto a tradições pagãs de oferendas aos mortos quanto à prática cristã de solidariedade. Uma das teorias sugere que o “Pão por Deus” ganhou relevância após o terramoto de 1755 em Lisboa, que deixou muitos desamparados e sem recursos.
A população teria começado a pedir pão e ajuda, consolidando o costume de partilhar alimentos com os necessitados durante esta época do ano. Esta tradição continuou ao longo dos séculos e expandiu-se por várias regiões, adquirindo nomes diferentes como “Dia do Bolinho” em Leiria e Fátima, “Santorinho” em Coimbra e “caspiadas” nos Açores, onde são feitos bolos com simbolismo específico
Hoje, o “Pão por Deus” é visto como uma celebração do espírito de solidariedade e recordação dos entes falecidos. Em áreas rurais, mantém-se a tradição de preparar doces específicos, como as broas de mel e frutos secos, enquanto em zonas urbanas é mais comum oferecer rebuçados e chocolates.
Esta tradição tem enfrentado o desafio de manter-se viva diante de influências estrangeiras, como o Halloween, mas iniciativas culturais, como as do Museu do Pão, têm promovido atividades para revitalizar e preservar este património cultural único.