psicologa psicosorrir
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Ansiedade, depressão, perturbação obsessiva compulsiva (POC), são algumas das principais doenças mentais que têm levado “cada vez mais pessoas” à procura de uma consulta de psicologia. Uma realidade observada na Clínica Psicosorrir, pela psicóloga clínica e da saúde, Graça Ferreira.

Dois anos depois, a COVID-19 “mudou” a forma como vemos o mundo e a saúde mental em particular, resultando numa população “mais informada e que começa a reconhecer a importância da psicologia e a valorizar a saúde mental”, afirma a psicóloga.

A pandemia trouxe “imprevisibilidade, incerteza, isolamento social, distanciamento físico, perda de rendimento económico, solidão, acesso limitado aos serviços básicos”, explica.

Investimento na prevenção

O Dia Mundial da Saúde Mental é celebrado anualmente a 10 de outubro e procura sensibilizar para a importância do acesso generalizado aos cuidados de saúde mental.

De acordo com Graça Ferreira, a COVID-19 “agravou alguns sintomas”, gerando a “necessidade de procurar alternativas”. Contudo, considera que “não podemos falar de promoção de saúde, sem falar da prevenção da doença”.

Uma prevenção que, na visão e experiência da psicóloga, “ainda está longe do que é necessário. Há décadas que não há um investimento na saúde mental”. Para além disso, “o investimento que é feito na saúde física não é o mesmo que se faz com a saúde mental”, acrescenta.

Para uma mudança de paradigma, Graça Ferreira atribuiu ao Governo a responsabilidade, porque “embora já exista uma maior consciência da importância de se intervir preventivamente na saúde mental, não há verbas. Os nossos governos já começaram a tomar algumas medidas, mas a verdade é que não as operacionalizam”, frisa.

Enquanto psicóloga, Graça Ferreira garante que “já se começa a desmistificar” a procura pelo psicólogo. “Se há uns anos havia algumas crenças negativas em relação às questões da saúde mental, hoje esse estigma tem vindo a mudar. Fala-se abertamente sobre o tema e sobre a importância do papel do psicólogo no bem-estar das pessoas e na saúde mental”, esclarece.

Mas se não existe o preconceito, há “falta de apoios e carência económica. Manter um programa de intervenção não é barato. Por isso, as pessoas acabam por desistir”.

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“As pessoas estão mais sensibilizadas”

Para uma saúde mental “valorizada”, os passos estão a ser dados “muito lentamente e ainda estamos muito distanciados da União Europeia”, afirma Graça Ferreira.

Por outro lado, “as pessoas estão mais sensibilizadas e compete-nos a nós informar, apostar na sensibilização. Mas precisamos da ajuda do Governo para que as medidas sejam implementadas”, sublinha.

O que ainda há para fazer? “mais intervenção de psicólogos nas equipas de saúde (centros de saúde, hospitais, escolas, empresas), com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas”.

O absentismo e a desmotivação que se observa, atualmente no mercado de trabalho, resulta de uma “não valorização da saúde mental. Mas a partir do momento em que as empresas comecem a olhar para a saúde mental como uma mais valia, acredito que todos temos a ganhar”.

A saúde “é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de doença. Portanto, é crucial que os governos invistam nos cuidados de saúde primários e programas comunitários, para que todos possam ter acesso a cuidados de qualidade”, conclui.