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Restaurar e preservar motorizadas, a paixão de um pequeno grupo de amigos de Penafiel, que há 20 anos atrás acabariam por formar o que é hoje uma associação de 260 membros, detentora de um recorde mundial e mais recentemente, de uma nova sede.

Jorge Leal é o presidente do grupo ‘Os Bota Fumo’, uma associação de entusiastas de veículos de duas rodas, um membro fundador deste conjunto de aficionados por motociclos, o penafielense ainda se lembra das origens d’Os Bota Fumo’.

“Há cerca de 20 anos atrás, dois ou três amigos juntaram-se e lembraram-se de restaurar uma motorizada. A partir desse restauro, começamos a reparar uma, duas, três motorizadas… E pronto despertamos um novo interesse. O gosto pelo restauro multiplicou-se e cresceu até aquilo que somos hoje”, recorda o presidente.

O interesse em conservar motorizadas, “estas máquinas bonitas de desenho clássico, foram o despoletar de tudo aquilo que a associação se tornou”, acrescenta o líder do grupo. Um ponto de partida do qual surgiram passeios e encontros de motorizadas que fizeram crescer ‘Os Bota Fumo’, juntando mais pessoas à causa de preservação destes exemplares históricos de velocípedes.

“Quando começamos éramos realmente só um grupo de amigos. Um veio, outro juntou-se, começamos a ter duas/três motas cada um, fizemos alguns passeios entre nós mas naquela altura, ninguém para além de nós tinha interesse em restaurar as motas”, explica Jorge Leal.

A ambição d’Os Bota Fumo’ não se deixou ficar pelos pequenos passeios e encontros e no ano de 2011 o grupo decidiu “criar um novo recorde do Guiness ao tentar juntar o maior número possível de motorizadas de cilindrada 50 em Fátima”. A ideia podia ter ficado pelo papel mas decididos em cumprir este recorde “levamos um camião cheio de motas, dois autocarros e cerca de 120 pessoas de Penafiel até Fátima para este momento que foi o grande apogeu das motorizadas 50 a nível nacional”, conta o presidente.

A mentoria do clube de Penafiel foi essencial para a realização deste encontro que reuniu “mais de duas mil motas”. Um momento que veio “confirmar e reforçar a nossa luta para explicar às pessoas que as motorizadas que tinham em casa, debaixo de uns palheiros a apodrecer tinham um certo valor. Não só um valor económico e sentimental mas também um valor histórico”.

O membro fundador ainda se lembra de como as primeiras motorizadas restauradas pelo grupo eram, “a maior parte delas, dos nossos pais e avós”. À medida que o grupo ia crescendo as “pessoas foram descobrindo este nosso esse interesse e até nos ofereciam as motos, que realmente não tinham nenhum valor na época. Ninguém lhes dava valor, muitas iam para a sucata”, conta o entusiasta.

Ao reparar motorizadas os primeiros membros d’Os Bota Fumo’ estava decididos em “transmitir às pessoas que restaurar motas era uma forma de preservar o património das décadas de 60, 70 e 80 e destes veículos que muito enriqueceram o nosso país”, frisa o responsável da associação. Um património móvel em “necessidade de preservação e conservação, esta era e é uma das nossas premissas e ao longo dos anos conseguimos transmitir essa mensagem e este gosto às pessoas”, afirmou.

Entretanto, com o passar dos anos, a associação viu o seu gosto por motorizadas a espalhar-se pelo país e ao contrário de outros tempos em “que dava para encontrar uma motorizada em qualquer canto e em que era difícil explicar a alguém que podia gastar algum dinheiro a restaurar uma mota velha para lhe dar valor. Agora, já não é bem assim, e as pessoas já aprenderam a dar valor a estas relíquias”, avança Jorge Leal.

O porta-voz d’Os Bota Fumo’ descreve agora um panorama onde “as motorizadas já são mais difíceis de encontrar e estão todas mais ou menos todas restauradas ou conservadas pelo seu valor sentimental”.

Alcançado o objetivo de ver estes veículos valorizados e preservados, Jorge Leal diz que agora a “nossa premissa é passar este gosto às gerações mais novas. Dar-lhes a conhecer aquilo que foi outrora o motor da economia e a importância que elas tiveram para a economia e a vida diária dos portugueses”.

A nova “batalha” da associação é fazer chegar o gosto pela preservação de motorizadas às gerações mais novas, uma nova ambição que já deu frutos na forma de um novo projeto que será realizado junto das escolas do concelho. “O novo projeto da associação, que está mesmo a sair da forja, vai consistir em visitas às escolas para falar das motorizadas aos mais novos”, elabora Jorge Leal.

Através destas conversas com os mais novos os membros d’Os Bota Fumo’ vão contar “a história de cada motorizada, se era dos nossos pais, ou avós e era nela que ele ia trabalhar. O nosso objetivo é levar estas histórias e explicar a relação que existe entre o proprietário e a moto”.

Reconhecida pelas suas “atividades dinâmicas junto da população”, ‘Os Bota Fumo’ tenta todos os anos “elaborar um plano anual de atividades variado”. Desde os cortejos de mota pelo centro da cidade até a eventos de cariz mais solidário.

“É muito giro ver a adesão e o interesse que os nossos eventos despertam nas pessoas”, comenta o presidente sobre os passeios mais boémios da associação mas também sobre os vários eventos solidários de angariação de fundos que a associação foi realizando ao longo dos anos.

A presença d’Os Bota Fumo’ marca as gentes do concelho de Penafiel e este ano os esforços da associação foram recompensados com a abertura de uma nova sede. O novo espaço, cedido pela câmara municipal, foi o culminar de um longo período de trabalho e negociações que compensaram todos os associados com uma nova sede.

A nova casa da associação “é um motivo de muito orgulho e representa mais do que só um espaço novo, para nós este marco também reflete todo o nosso trabalho e como disse o presidente do concelho, para chegarmos aqui tivemos de mostrar bom currículo”.

Jorge Leal avança que ‘Os Bota Fumo’ já têm planos para este novo espaço e que já estão ser preparadas atividades e novidades para o futuro deste clube de entusiastas de motorizadas.