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Com apenas 17 anos, Tânia Rodrigues, natural de Marco de Canaveses, foi diagnosticada com uma doença muito rara, neuromielite ótica. Uma doença autoimune, inflamatória e desmielinizante do sistema nervoso central. 

Foi no caminho para a escola que, Tânia Rodrigues, de 21 anos, começou a sentir os primeiros sintomas. “A visão não estava bem. Tapei o olho direito e senti que tinha o esquerdo embaciado”, recorda a jovem de Marco de Canaveses, que “desvalorizou o momento” e terminou o caminho para a escola.

Mais tarde, os sintomas começaram a “acentuar-se rapidamente. Comecei a sentir dormência e formigueiro na parte esquerda do corpo”, conta Tânia Rodrigues que relata nos dias seguintes “a visão muito debilitada e o braço dormente”. O agravamento dos sintomas levou-a até às urgências, “mas sendo tão nova os médicos não acreditavam que poderia ter uma doença tão rara. Achavam que os sintomas podiam estar ligados ao nervosismo e ansiedade“.

Entre os primeiros sintomas e a descoberta da doença, Tânia Rodrigues passou por um processo “complicado. Fui ao oftalmologista para perceber o que se passava, mas não me foi detetado nenhum problema na visão, tendo sido encaminhada para um neurologista, porque havia a hipótese de ser um problema a nível cerebral. No mesmo dia, fizeram-me vários exames no hospital, um TAC cerebral inclusive, que continuava a indicar que estava tudo bem”.

No dia 23 de abril foi internada, “quando já não conseguia andar sozinha. Já não conseguia comer nada, emagreci dez quilos, porque tudo que comia vomitava. Só via vultos”, relembra a jovem. Uma ressonância medular e uma punção lombar, trouxeram-lhe um diagnóstico que a deixou “muito assustada. No dia 4 de maio foi-me diagnosticada neuromielite ótica, uma doença da família da esclerose múltipla. Não conhecia bem a doença, mas pensei de imediato nas pessoas que andam em cadeira de rodas“.

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Tânia Rodrigues confessa que após o internamento viveu momentos “de negação”, porque não aceitava a doença e “tinha muito medo de ficar sozinha”, mas mais tarde aceitou a doença que lhe “mudou por completo a sua vida. Comecei a acordar para a realidade, porque conseguir levantar-me de manhã é uma vitória. Melhorei muito, comecei a tomar altas doses de cortisona e saí do hospital a andar. A visão estava muito debilitada, mas ao longo do tempo recuperei. Foi mesmo um milagre”.

Apesar de ter ficado com sequelas cerebrais e medulares, hoje Tânia Rodrigues consegue ter “uma vida normal” e considera-se “eternamente grata por ter recuperado a visão e a mobilidade. Passei a ter uma vida muito incerta, mas uma coisa posso garantir: mudei muito, comecei a ter uma vida mais saudável e a dar mais valor. Vivo mais intensamente e já não consigo fazer metas para o futuro, agora foco-me em viver o presente”, salienta. 

Hoje em dia lida “bem” com a doença, que lhe mudou a perspetiva sobre o mundo. É uma pessoa “muito mais otimista”. O principal objetivo de Tânia Rodrigues é dar a conhecer a neuromielite ótica, “um problema de saúde que a maioria das pessoas desconhece“. Criou uma página no instagram sobre a doença e onde partilha a história de “superação”.

“Por mais difíceis que as coisas possam ser”, a jovem garante que “há sempre uma forma de dar a volta por cima, há sempre esperança”.