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A Aldeia de Natal na Gralheira "tem sido um sucesso para a aldeia e para os negócios locais"

Redação

As ruas da Aldeia de Natal na Gralheira, em Cinfães, são decoradas todos os anos com as cores e enfeites da época e é numa destas ruas onde se podem encontrar à venda os doces e licores tradicionais da Gralheira de Graça Saraiva, de Ângela Saraiva e Adelaide Costa.

Uma boa oportunidade para o comércio local, as duas irmãs e a cunhada participam na Aldeia Natal há três anos e até agora "tem sido um sucesso para a aldeia e para os negócios locais", conta Graça Saraiva.

A Aldeia de Natal é uma boa maneira de dar visibilidade a produtos locais e as três parceiras dizem que "aproveitam sempre a ocasião" para vender os seus doces e licores tradicionais. "A única parte triste de participarmos na Aldeia de Natal é que nunca a aproveitámos por estar sempre a trabalhar. As pessoas vêm aqui e dizem que está tudo muito bonito mas acabamos por não ter noção de como a aldeia fica nesta altura, lamentam.

A pequena loja improvisada numa garagem emprestada é onde as doceiras passam os fins-de-semana da Aldeia de Natal, onde vendem os licores e doces tradicionais como "as rabanadas, o bolo rei, os sonhos, estes bolos tradicionais do Natal", adianta Graça Saraiva. E todos os doces e licores são "feitos à moda antiga" e sem "conservantes, em todos os nossos produtos só usamos ingredientes naturais", asseguram as três parceiras.

Nascidas e criadas na aldeia da Gralheira as duas irmãs, Graça e Ângela Saraiva, viveram na aldeia até "a vida ter aberto a oportunidade de emigrar" em busca de uma vida melhor na Suíça. E anos mais tarde decidiram regressar a Portugal, onde surgiu uma nova oportunidade de criarem um negócio na aldeia.

Adelaide Costa teve sempre "uma boa mão para a doçaria" e esta paixão motivou-a para criar um negócio de venda de doces tradicionais por encomenda, que durante seis anos explorou sozinha e com "bastante sucesso". À venda de bolos juntou-se, alguns anos mais tarde, a venda de licores regionais, confeccionados por Ângela Saraiva que, ao voltar à aldeia, viu o negócio da cunhada como uma boa chance de trabalhar por conta própria.

Assim, as duas familiares dedicaram-se à venda de doces e licores nas feiras e festas da região, optando mais tarde por fazer os bolos apenas por encomenda de forma a "evitar desperdícios por causa de mercadoria que não vendemos", explica Graça Saraiva, a última a juntar-se ao negócio.

A principal motivação por detrás da criação deste negócio foi "querer uma vida mais autónoma e livre. Este negócio foi juntar o útil ao agradável", realçam. Graça Saraiva admite que vê isto mais "como um hobby" mas garante que "a nossa pasteleira gosta muito daquilo que faz e nota-se que ela faz tudo com amor e acho que é por isso que os nossos doces são tão bons".

Agora com um negócio local na aldeia onde nasceram e depois de passar vários anos no estrangeiro, as irmãs olham para trás e dizem "que houve uma altura em que a Gralheira parou no tempo". E a emigração dos jovens, "em 1998 e 1999" veio estagnar ainda mais a aldeia, "os mais novos emigraram e para trás só ficaram os mais velhos, aí a Gralheira parou mesmo", recorda a doceira.

No entanto, com o regresso dos emigrantes notou-se "um novo investimento na aldeia e começaram a aparecer casas e negócios novos" e hoje "a nossa aldeia até está bastante evoluída". O investimento feito pelos habitantes da aldeia refletiu-se num aumento da procura pela restauração e turismo local na localidade de Cinfães.

"Ao fim-de-semana, agora nem dá para almoçar sem reserva, temos três restaurantes e estão sempre completamente esgotados. As pessoas procuram-nos muito pelo turismo local e pela qualidade da nossa gastronomia", reforça Graça Saraiva.

A Gralheira conseguiu evoluir e adaptar-se e os negócios locais tentaram fazer o mesmo e as três doceiras são um bom exemplo disso mesmo. As redes sociais tornaram-se uma ferramenta útil para este negócio que as usa para dar a conhecer os produtos bem como aceitar reservas de clientes.

"Adaptamo-nos muito bem", revelam as pasteleiras, "graças às formações de informática que fizemos conseguimos evoluir e aprendemos a usar as redes sociais e a criar páginas". Enquanto estavam desempregadas as irmãs e cunhada decidiram fazer cursos pelo IEFP e foi aí que despertaram o interesse pelas novas tecnologias e no fundo estas formações "foram uma mais valia".

Contudo, apesar do sucesso desta adaptação e do negócio ser estável, Graça Saraiva aponta que ainda há algumas dificuldades que os produtores locais enfrentam. "Adaptamo-nos bem mas tivemos sempre pouca ajuda, qualquer workshop que fazemos para aprender mais são pagos por nós próprias por exemplo", frisa.

E são dificuldades como esta que levam a pasteleira a dizer que criar ser um produtor local "é muito difícil , especialmente para jovens, eu não recomendava isto para os meus filhos. Começar negócios é para pessoas que já tenham algumas bases e a vida organizada".

O "manter das tradições" e os negócios locais são importantes, mas Graça Saraiva diz mesmo que "não dá para fazer disto vida".

Na opinião da doceira faltam apoios para os negócios locais mas mais importante que isso, "falta informação sobre os apoios que existem e um diálogo mais regular com os produtores, pois há muitos contatos e promessas temporárias mas pouco contacto constante".

A todos os seus clientes as pasteleiras dos Doces Artesanais By Adelaide desejam a todos umas "Boas Festas e um obrigado do fundo do coração, pelo vosso apoio".