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Para Ana Luísa Pereira a afirmação “quero ser médica” é “muito forte” e acarreta “muita responsabilidade”. Embora já esteja no primeiro ano da Licenciatura em Medicina no ICBAS (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar) – Universidade do Porto continuam a ser palavras que “assustam” a jovem resendense. 

Durante toda a vida, Ana Luísa sentiu-se “indecisa”. Ao contrário de outros miúdos, esta jovem nunca teve um sonho de infância ou uma única profissão que a fascina-se, na verdade sempre pensou em “fazer muita coisa”. No formulário que preencheu para se candidatar à universidade, Ana Luísa ocupou todas as linhas. Medicina, Bioengenharia ou Biotecnologia foram algumas das escolhas que fez. Para além disso, também concorreu à aviação na Academia da Força Área, no entanto uma “má formação no ouvido” não permitiu prosseguir nos testes. Pelo menos uma opção já ficava de fora.

No secundário, durante o curso de Ciências e Tecnologias, Ana Luísa Pereira atingiu bons resultados e terminou com média interna de 193. Esta escolha no secundário nasceu somente pelo “gosto pelas disciplinas”, mas sem existir uma “profissão em mente”. 

Ana Luísa Pereira destaca que é “completamente norma chegar ao secundário e não saber o que vamos fazer da vida. No meu caso tinha tantos sonhos e não sabia qual é que iria realmente querer no futuro”. O “dilema” que tinha sentido na entrada para a escola secundária era “exatamente o mesmo” que sentia quando viu o 12.º ano terminar. “Decidi começar por pensar naquilo que gosto. Biologia, Química e Matemática estavam em cima da mesa. Sem saber exatamente o que queria para o futuro pensei em escolher um curso que me desse prazer a estudar. Nunca temi em desperdiçar um ano porque nunca se desperdiça um ano, sobretudo, em medicina onde contactamos com inúmeros profissionais de saúde e entendemos as instituições”. 

A viver o primeiro semestre, Ana Luísa Pereira continua a não se atrever a pronunciar as palavras “quero ser médica”, no entanto descreve a experiência como “muito positiva. O ICBAS tem um ambiente muito simpático e estou a gostar muito das disciplinas”.

A verdade é que a jovem compreende que ter “uma filha no final do 12.º ano sem saber o curso que quer não é fácil, mas no final das contas os meus pais só disseram: ‘para o que tu fores tu vais ter sucesso, se no final quiseres trocar a vida é tua, no final só tens de estar feliz'”. Foi com este conselho que Ana Luísa seguiu o caminho da medicina.

Atualmente, direcionou o seu foco para os estudos, mas em tempos de outrora Ana Luísa praticou Karate. “Saí porque deixei de ter tempo e não queria que fosse um causador de stress, mas tenho saudades porque era como meditação, mas só que em forma de desporto mais pesado fisicamente. Fazia-me só concentrar naquilo. Aconselho a todas as pessoas a experimentar pelo menos uma vez na vida”.

Com os olhos postos no futuro, Ana Luísa vai permanecer em medicina e espera vir a participar num programa de ERASMUS ou de voluntariado. Embora esteja a gostar do curso continua a defender que “é completamente normal mudar de curso porque enquanto crescemos mudamos de ideias e de gostos, acho que temos de pensar no futuro e no que gostamos mais, porque ir para um curso onde estamos contrariados não é uma opção. Aliás, é algo a evitar”, realça.

Para além disso, considera fundamental “dar o melhor no secundário porque é um ponto de partida para escolhermos a maioria dos cursos. Por um lado, pode ser mais difícil escolher, mas por outro existe uma panóplia de opções que não te limitam a outras. Para isso é preciso esforço, sorte e a parte social porque os alunos não se podem limitar a estudar e a ter uma vida de escravo. Procurem ter tempos livres e hobbies e ganhem o poder de adaptação à matéria, pessoas e locais. Quanto mais cedo melhor”.