Sempre se sentiu confortável em ambiente hospitalar e acreditava que poderia contribuir com a sua energia para apoiar quem enfrentava momentos de fragilidade. Com os filhos já crescidos, inscreveu-se na Liga Portuguesa Contra o Cancro e passou a integrar o corpo de voluntários do IPO.
“As pessoas acham que é difícil conciliar, mas para mim foi natural. Em vez de ir tomar café ou ficar numa esplanada, ia até ao IPO. É um fim de tarde diferente, mas que faz toda a diferença.”
No início, a filha mais nova sentiu a ausência, mas rapidamente compreendeu a missão da mãe. “Era ela própria que me entregava a bata e dizia: ‘a mãe hoje vai para o voluntariado’”, recorda.
Paula está integrada no edifício de cirurgia, onde acompanha doentes na hora do jantar — ajuda a alimentar, corta os alimentos ou simplesmente faz companhia. “O mais importante é o contacto humano. É dar um sorriso, trocar uma palavra de incentivo, distrair o doente da rotina da doença. Às vezes basta ouvir ou dar um abraço.”
Evita falar da doença, preferindo conversas leves que tragam um pouco de normalidade. “O voluntário deve existir para aliviar. O doente precisa disso.”