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Opinião
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Dormir bem deveria ser prioridade - Mas ainda não é

Dormir é uma necessidade básica, vital para o funcionamento do corpo e da mente. Apesar disso, vivemos numa sociedade em que o sono é constantemente negligenciado, tratado como um luxo ou mesmo uma perda de tempo.

Redação

Essa visão deturpada tem contribuído para o aumento expressivo de distúrbios do sono e dos seus efeitos colaterais, que vão desde a baixa produtividade até ao agravamento de doenças mentais. 

É preciso reconhecer que o sono de qualidade é um dos pilares fundamentais para uma boa saúde mental. Ao lado da alimentação equilibrada e da prática regular de exercício físico, dormir bem sustenta o nosso bem-estar geral. Ainda assim, muitos não valorizam esse pilar como deveriam, preferindo estender jornadas de trabalho, passar horas nas redes sociais à noite ou recorrer a estimulantes para "enganar" o cansaço.

A quantidade ideal de horas de sono não é igual para todos. Fatores biológicos, genéticos e o estilo de vida influenciam diretamente essa necessidade. De acordo com a National Sleep Foundation, um adulto saudável deve dormir entre sete e nove horas por noite. Crianças e adolescentes precisam ainda de mais tempo para permitir o seu desenvolvimento físico e mental adequado. No entanto, essa recomendação muitas vezes esbarra na rotina acelerada e no excesso de estímulos, principalmente os tecnológicos.

Ignorar os sinais do corpo e privar-se de sono tem consequências sérias. Inicialmente, pode parecer apenas cansaço ou mau humor. Com o tempo, surgem atrasos no trabalho, esquecimentos frequentes, alterações de humor, ansiedade e até sintomas de depressão. O sono insuficiente desgasta a mente, altera a perceção da realidade e prejudica decisões importantes do dia a dia.

Não dormir bem também está diretamente ligado ao aumento do cortisol, a hormona do stresse. Com ele em níveis elevados, o cérebro entra em estado de alerta, dificultando ainda mais o relaxamento necessário para iniciar e manter o sono. É um ciclo vicioso: quanto mais stressado se está, mais difícil é dormir — e quanto menos se dorme, mais o stress se acumula.

Face a isto, é urgente adotar estratégias para melhorar a qualidade do sono. Ter um horário regular para acordar, evitar sestas prolongadas, praticar exercícios com antecedência e limitar o uso de dispositivos eletrónicos à noite são algumas medidas eficazes. Técnicas de relaxamento e a organização mental — como anotar tarefas para o dia seguinte — também ajudam a acalmar a mente antes de dormir.

Dormir bem não é sinal de preguiça, é sinal de autocuidado e inteligência. Devemos tratar o sono com a seriedade que ele merece, e, se necessário, procurar ajuda profissional. A saúde mental começa com escolhas simples — e dormir bem é uma das mais poderosas entre elas.

Ana Rita Vasconcelos - Psicóloga Clínica e da Saúde