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Portugal
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Greve na CP a 7 e 8 de maio: sindicatos protestam contra imposição de aumentos salariais

Trabalhadores da CP vão parar nos dias 7 e 8 de maio em protesto por aumentos salariais dignos e cumprimento de acordos já negociados.

Redação

Vários sindicatos representativos dos trabalhadores da CP — Comboios de Portugal convocaram uma greve nacional para os dias 7 e 8 de maio, abrangendo todo o período entre as 00h00 de dia 7 e as 24h00 de dia 8, em protesto contra o que consideram ser a imposição de aumentos salariais insuficientes, que não repõem o poder de compra.

O pré-aviso de greve foi entregue esta segunda-feira, 15 de abril, e é subscrito por 14 estruturas sindicais, que exigem a negociação de aumentos salariais justos e a implementação de acordos previamente estabelecidos com a administração da empresa pública.

Principais reivindicações dos trabalhadores

Segundo o comunicado da FECTRANS — Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, os sindicatos apontam a necessidade urgente de:

  • Negociar aumentos salariais dignos, em vez de aplicar valores impostos unilateralmente;

  • Cumprir o acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos já negociados;

  • Garantir a sustentabilidade da CP, através da valorização das carreiras ferroviárias, melhoria das condições de trabalho e investimento nos meios operacionais.

As organizações sindicais referem que, além da convocação da greve, foi enviada uma carta aos ministros das Infraestruturas e das Finanças, solicitando a intervenção do Governo. O objetivo é que este instrua a administração da CP a cumprir as medidas excecionais constantes do relatório final, já remetido ao ministério de tutela, e que respeite o compromisso assumido com os trabalhadores.

“A CP não existe sem trabalhadores”

No documento conjunto, os sindicatos sublinham que a atual postura da administração da CP compromete a estabilidade da empresa:

“A CP não existe sem trabalhadores. E o que está hoje em causa é a sua sustentabilidade futura. Se o Governo não avançar com medidas concretas que valorizem as carreiras ferroviárias, estará a comprometer o futuro da empresa e a pôr em risco a prestação de um serviço essencial ao país, como se comprovou no período pandémico”.

A contestação sindical sublinha ainda a necessidade de orientações claras do Governo, de forma a permitir que a administração possa considerar e negociar as contrapropostas das organizações representativas dos trabalhadores, evitando decisões unilaterais.

Reunião agendada para dia 17 de abril

Entretanto, os sindicatos confirmaram que foi recebida uma convocatória para uma reunião com a administração da CP no dia 17 de abril, às 15h00. As organizações esperam que este encontro traga propostas concretas que permitam resolver o conflito laboral e evitar o impacto negativo da greve no serviço público de transporte ferroviário.

Sindicatos envolvidos na greve

A paralisação conta com a adesão de um vasto conjunto de sindicatos do setor, nomeadamente:

  • ASCEF – Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária

  • ASSIFECO – Associação Sindical Independente dos Ferroviários da Carreira Comercial

  • FECTRANS – Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações

  • FENTCOP – Sindicato Nacional dos Transportes, Comunicações e Obras Públicas

  • SINAFE – Sindicato Nacional dos Ferroviários do Movimento e Afins

  • SINDEFER – Sindicato Nacional Democrático da Ferrovia

  • SINFA – Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários das Infraestruturas e Afins

  • SINFB – Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários

  • SINTTI – Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Transportes e Indústria

  • SIOFA – Sindicato Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins

  • SNAQ – Sindicato Nacional de Quadros Técnicos

  • SNTSF – Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário

  • STF – Sindicato dos Transportes Ferroviários

  • STMEFE – Sindicato dos Trabalhadores do Metro e Ferroviários

A realização da greve poderá causar fortes perturbações no serviço ferroviário nacional, sendo expectável que a CP divulgue, nos próximos dias, informações sobre os serviços mínimos a garantir durante o período de paralisação.

A evolução deste conflito será acompanhada de perto por trabalhadores, utentes e entidades governamentais, num momento em que se intensifica o debate sobre a valorização das carreiras no setor dos transportes públicos.